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Debatendo o empreendedorismo na Internet

Nesta semana o Startupi divulgou um bate-papo no estilo mesa-redonda (mas sem a mesa hehe) que aconteceu no último dia do Campus Party, sobre empreendedorismo na internet. O debate aconteceu no stand da IPTV Cultura, que se encarregou também da transmissão e disponibilizou o vídeo em seu site.

Assisti aos 57 minutos do vídeo e, apesar de algumas gaguejadas aqui e ali, e de algumas fugas ao tema, gostei do nível da conversa. Todos os participantes empreendem na internet e fizeram algumas colocações interessantes, notadamente o Tiago Baeta, o Edson Mackeenzy e principalmente o Gil Giardeli. Já que o vídeo está disponível para livre compartilhamento, estou inserindo-o ao final deste post e recomendo que seja assistido se você se interessa pelo tema. Antes disso porém, gostaria de fazer alguns comentários sobre o assunto e que inclusive resumem os tópicos mais interessantes da discussão, na minha opinião:

Tem dinheiro sim

Uma reclamação usual de empreendedores é a de que é difícil obter investimento ou financiamento em nosso país. Isso é uma meia-verdade. Apesar de estarmos longe do nível do Silicon Valley, pequenos investimentos de Venture Capital tem pipocado com crescente frequência em startups do Brasil. E mais do que isso: existem fundos de órgãos públicos de apoio ao empreendedorismo e ao desenvolvimento tecnológico com dinheiro disponível para aplicar em boas idéias e que sequer exigem uma participação na empresa (o retorno para o governo vem na forma de impostos…).

O Gil Giardeli fez um comentário assustador no debate: de 110 milhões que a Finep tinha disponíveis, só 9 milhões foram distribuídos para empresas inovadoras. Esse fato citado só confirma o que eu já ouvi de professores, especialistas em empreendedorismo e gestores de alguns órgãos públicos de fomento: o dinheiro existe sim, mas não chega às empresas por falta de procura, falta de preparo dos que procuram e até mesmo porque simplesmente não é divulgado pelas pessoas que têm o conhecimento destes fundos.

Empreender na internet é barato

Mesmo que alguém não consiga um investidor para seu negócio na internet, isso não deve ser desculpa para não empreender. Eu já escrevi a respeito neste blog, e o Tiago Baeta reforçou no final do bate-papo que começar um negócio na internet é barato: com R$ 30,00 por ano para registrar seu domínio e entre R$ 20,00 – 50,00 para alugar um pequeno host, qualquer um pode empreender. Conheço inúmeros negócios bem sucedidos na web brasileira que começaram com pouquíssimo dinheiro, e mesmo dentre as grandes empresas da internet, muitas delas também deram o pontapé inicial sem um investidor, nem mesmo um angel.

A melhor hora de empreender

Um outro tópico que foi trazido à tona na conversa, se não me engano pelo George Guimarães do PageStacker, foi o de que o melhor momento para empreender é quando ainda se está na faculdade, geralmente morando na casa dos pais (ou sendo sustentado por eles numa república), sem nenhuma responsabilidade maior na vida e principalmente sem os pré-conceitos e medos de ousar que a experiência pode incutir nos mais velhos. Eu sempre acreditei nisso, e o fato de que Microsoft, Google, Yahoo e Facebook foram criações de garotos universitários vivendo em dormitórios bagunçados é suficiente para provar esse argumento.

Assim, conforme também foi discutido, uma grande barreira ao empreendedorismo no Brasil se dá pelo fato de nossas universidades não incentivarem a inovação e de existir uma mentalidade (muitas vezes maior do que a real necessidade) nos potenciais jovens empreendedores de que é preciso arrumar logo um estágio ou emprego (que quase sempre não acrescentará nada à carreira da pessoa) durante e/ou logo após a faculdade. O resultado, nas palavras do Gil Giardelli, é que programas de Trainee roubam nossos melhores cérebros (e eu completaria: existem também os que vão embora fazer mestrado/doutorado fora do país – caso inclusive de boa parte dos meus colegas mais inteligentes da universidade).

Faça você mesmo

Embora ter um sócio quase sempre seja uma necessidade, na maioria das vezes jovens empreendedores, por inocência ou inexperiência escolhem mal o seu parceiro e acabam tendo problemas com ele que podem comprometer o empreendimento. O conselho do Tiago Baeta, que disse só ter tido dores de cabeça com sócios (já aconteceu comigo também) e espera nunca mais ter um, é punk: não dependa de ninguém. Embora o conselho radicalize um pouco e não deva ser seguido por todos (ex: as grandes empresas que eu citei no parágrafo anterior são criações de duplas), o fato é que a internet permite mais do que qualquer outro mercado que você empreenda sozinho e se dê muito bem. Se detém todo o conhecimento necessário (e mesmo que não tenha, ele está disponível de graça a poucos cliques de distância) concordo que não se deve ter medo: faça você mesmo.

Mas não se preocupe só com a tecnologia

Também já ouvi de muita gente, e isso foi frisado neste debate sobre empreendedorismo digital, que a maior parte dos jovens que empreendem na internet cometem o erro, até pelo perfil de sua formação, de focar apenas na parte tecnológica do empreendimento. Muitos não sabem como apresentar seu produto, não sabem o que é um plano de negócio, ou até mesmo criam “excelentes produtos (do ponto de vista técnico) mas que não são um negócio”, o que mata qualquer possibilidade de receber investimento ou de simplesmente viabilizar o empreendimento.

Não ter o perfil de “homem de negócio” é usualmente um  bom motivo para alguém de grande conhecimento técnico buscar um sócio para seu empreendimento, mas ainda que tenha um sócio com este perfil (e principalmente se não tiver) o “expert em tecnologia” pode desenvolver seu lado empreendedor. Um bom começo que eu sugiro é procurar o Sebrae, que é muito eficiente para fornecer orientações e conta  inclusive com programas  de empreededorismo muito interessantes, como o Empretec.

E agora o que interessa…

Assista ao vídeo. E se não for pedir muito, deixe sua opinião sobre empreendedorismo na internet – ou em geral – nos comentários.

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