É possível começar um negócio de sucesso na web com U$$ 3K?

O TechCrunch publicou hoje um post com o irônico título “Se você está realmente, realmente desesperado por dinheiro, esses caras vão lhe dar 3 mil (dólares)”, sobre um micro-fundo de investimento criado por uma empresa de consultoria de Nova York disposta a investir este valor em até 10 aplicativos que rodem sobre o Twitter, Iphone, Boxee e outros.

Manchete debochada à parte, e sem entrar no mérito da utilidade de um fundo como este (já que é relativamente fácil conseguir tal quantia de amigos, parentes, empréstimos ou até mesmo economizando), o fato é que vários leitores comentaram dizendo que o valor proposto pelo fundo é muito baixo e insuficiente até mesmo para lançar uma versão “alpha” de um aplicativo web.

O que nos traz à questão que quero discutir neste post: dá mesmo para começar (e viabilizar) um negócio (de sucesso) na web investindo apenas U$$ 3 mil? A resposta curta é sim. Mas algumas condições precisam ser satisfeitas…

1. Com tal quantia, não dá para estipular um salário (mesmo que mínimo), nem contratar alguém para desenvolver o site. Portanto, se o empreendedor não consegue dar conta de todos os detalhes mínimos que envolvem a construção de uma aplicação web, deve buscar um sócio que complete essas habilidades.
2. Como não há salário, é preciso que o empreendedor, ou more com os pais e não tenha grandes despesas, ou tenha um “emprego de dia” para pagar as contas e se dedique à construção do negócio nas noites e finais de semana. Uma das belezas de empreender na web é que você não precisa passar o dia num estabelecimento de tijolos mesmo que ainda não tenha muitos clientes, e não tem a restrição do “horário comercial” para trabalhar e atingir novos clientes.
3. Não dá para lançar o site sem saber por onde vai entrar grana (e se quer que ele seja um negócio de sucesso, também não dá para ter um modelo de negócios capenga), e não é aconselhável ficar meses com o site no ar só oferecendo versões grátis de seu conteúdo/produtos/serviços, esperando o tráfego crescer para só então começar a tentar gerar receitas.

Trabalhando com essas premissas, e supondo que o empreendedor já tenha em casa a infra-estrutura necessária (um computador conectado à internet!!!) para lançar e manter um site, 3 mil dólares (mais ou menos R$ 7 mil) são quantia mais do que suficiente para manter um site na internet por mais de um ano (ou muito mais que isso, dependendo de quanto tráfego ele gere).

Seus custos serão, basicamente, o aluguel de um servidor dedicado (virtual ou não), que em serviços de hosting como o Amazon EC2 custam a partir de $ 87.00 por mês (e o custo tanto de banda quanto de processamento aumenta à medida que você demanda, não sendo preciso pagar por recursos ociosos), e de R$ 50,00 por mês com impostos se você for empreendedor individual e desejar abrir o site já com cnpj registrado desde o primeiro mês (possibilidade a ser aberta pelo Simples Nacional a partir de junho deste ano).

E quão bem sucedido pode se tornar um negócio aberto com tão pouco investimento? Um exemplo pessoal que posso dar é o Flogão, que foi construído satisfazendo as condições citadas aqui. Entre os noves meses que se passarão entre a ideia de construir o site e ele começar a dar lucro (sendo que destes, seis meses foram gastos no desenvolvimento), foram investidos menos de  U$$ 2k. O site foi ao ar já sendo monetizado com publicidade, e no início do terceiro mês lançamos uma versão paga.

Daí em diante, nunca mais foi preciso tirar um centavo do bolso para arcar com os custos de manutenção do Flogão, que cresceu rapidamente e em menos de dois anos chegou a estar entre os 10 sites de maior tráfego da internet brasileira, gerando um retorno financeiro considerável em comparação aos pequenos investimentos iniciais.

Tenho certeza que existem muitos outros exemplos, talvez não da mesma proporção, mas ainda assim bem sucedidos. E qualquer pessoa com uma boa ideia na cabeça, as habilidades necessárias e uso eficiente de capital pode trilhar o mesmo caminho. Basta trabalhar e acreditar.

Tags: empreendedorismo, flogao, venture capital