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Tributo aos Kinks traz uma surpresa em cada faixa

Mais conceitualmente correto do que esse tributo, só se a banda homenageada fosse o Who (aliás, alguém já fez um tributo a eles?). Give the people what we want, produzido pelo célebre selo SubPop, de Seattle, homaneageia os Kinks, banda inglesa que vem a ser pai e mãe do power-pop – e responsável pela criação do grunge, do hard rock, de quase todos os gêneros que misturaram peso e melodia. Contemporâneos dos já citados caras do Who, os Kinks gravaram seu primeiro disco em 1965 e foram responsáveis por alguns dos melhores singles dos anos 60 – canções que marcaram época, como “Lola” e “You really got me” (dois dos maiores sucessos da banda, que por sinal não estão no tributo).


Como os Kinks tiveram poucos discos lançados no Brasil – apenas coletâneas esparsas estão em catálogo, atualmente – fica difícil falar em “hits”, mas algumas das músicas mais conhecidas da banda estão aqui, misturadas a faixas totalmente inusitadas. A escolha das bandas e das músicas foi totalmente eclética, misturando desde estranhas novidades a ícones grunge. O Mudhoney, que sempre teve a energia dos Kinks em suas músicas, interpreta “Who will be the next in line” e faz uma das melhores versões do disco. Os Fastbacks, dinos locais, injetam energia punk em “Waterloo sunset”, considerada por muitos a melhor música da banda. De novidades, tem projetos como o Congratulations (do produtor Johnny Sangster e de seu irmão Jim, dos Young Fresh Fellows), que faz uma versão de “Session man” com timbre vocal de John Lennon. Falando em Beatles, outra novidade, John Auer (ex-Posies), grava “Fancy” numa versão que mais parece um “Tomorrow never knows” punk. “Brainwashed”, com o projeto The Pinkos, virou um riffarama sessentista, acompanhada de um instrumental quase nirvânico.


De inusitado, o disco tem Nikol Kollars, uma estranha no ninho de Seattle: numa terra tão identificada com guitarras, ela canta soul e rhythm n blues (!), numa versão de “I go to sleep” (que chegou a tocar em algumas FMs daqui, numa gravação dos Pretenders). Os Model Rockets inserem mais energia beatle na versão de “Ring the bells”, com qualidade de gravação sessentista e guitarra estilo “If I needed someone” (de Harrison). E se prepare para ouvir 34634662119 vezes o instrumental (!) “Revenge”, com a banda C Average (rock sessentista ruidoso), Mark Lanegan emprestando sua habitual tristeza e sua voz de bluesman ferrado a “Nothing in the world can stop me worryin bout that girl” e o inacreditável Baby Gramps misturando ritmos ao violão e cantando “Sunny afternoon” com voz de cantor bêbado de rua. Nota dez.

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