Versão Acústica traz “clássicos da vida de todo mundo”
Inicialmente, a idéia era trazer ao mercado nacional algo novo, simples e aceitável.
Numa rara iniciativa de apelo à qualidade, centrada na popular receita do bom e barato, a segunda edição do projeto Versão Acústica, CD em inglês da major Sony Music, é sucesso incontestável.
Contrariando a convencional tendência de que disco e performance de palco se encontram em níveis paradoxais de qualidade, a performance de Emmerson e banda repete o sucesso do disco. Em sua segunda passagem pelo ES, para apresentação no Barra Acústico Music Bar, em Vila Velha, mostrou as novas gravações e conversou conosco.
O show
O que torna a apresentação de “Versão Acústica” única é a mistura de casualidade e profissionalismo. A performance dura mais que os tradicionais 90 minutos de uma apresentação de banda convencional, encarnando aí características de apresentações em bares e casas menores, tradicionais para cantores em etapa “pré-gravadora”, da qual Emmerson, do alto de suas mais de 200 mil cópias vendidas, traz boas lembranças, incluindo o repertório que o conduziria ao sucesso.
A dança de sons é aberta, dando ares de super produção.
No palco, Versão Acústica é mais dançante que nas duas edições do disco, que são por sua vez parecidos, com peculiaridades positivas, remetendo à uma diferença que funcionou.
A banda
O diferencial qualitativo da performance de Versão Acústica é a sintonia entre cantor (geralmente protagonista das apresentações) e músicos. Enquanto quem vai a uma apresentação do cantor “X” vai para ver como “X” se comporta no palco, quem compra um ingresso para “Versão Acústica”, se depara com uma banda totalmente sintonizada com seu primeiro vocalista.
Pelo fato de ser um show acústico, o destaque fica por conta dos violões, executados pelo próprio Emmerson e Marcos Falcão. O baixolão, também viciante, fica por conta de Luciano Mendonça, e a bateria com Zé Mario.
As backing vocals cumprem seu papel com destreza, com destaque para a expressiva Wanessa Farias. A cantora, uma meso-soprano de 21 anos, está no projeto desde o início, como intérprete de voz feminina e assistente do vocalista.
Ao lado de Vanessa, integra a equipe a discreta Sarah Furtado, convidada para o primeiro CD e agora na banda em caráter oficial.
A trindade, revelada em 2002, consiste num grato acréscimo ao time dos bons intérpretes do país.
Os discos
O segundo disco, predileto de Emmerson, é menos “rock n´roll” que o primeiro, que funcionou como referência.
“Queríamos fazer um disco com clássicos de monstros do rock e não tínhamos idéia da reação das pessoas… foi uma coisa meio ousada, feita com carinho e que deu certo. Além do encarte, que ficou melhor por questões de tempo, houve ainda esse presente que foi o sucesso do primeiro”.
O repertório
No repertório há “clássicos da vida de todo mundo”, ou seja, sucessos que marcaram a vida de veteranos e que não são menos populares entre os mais jovens. As canções trabalhadas nos discos, fazem parte da história da música mundial, imortalizadas ao ponto de tornar-se impossível não reconhecer ao menos algumas das muitas apresetadas. Clássicos como Forever Young, Emotion, More Than Words, Ticket to Ride, Skiline Pingeon, Hotel Califórnia e outras mais já receberam versões desde bandas teen a ídolos da ópera.
Emmerson Nogueira
Mineiro, residente no Rio de Janeiro, o protagonista da idéia que vem continuamente dando certo consagra-se como artista polivalente. Canta, toca e compõe. Contratado pela Sony Music como compositor, foi através de Versão Acústica que pôde mostrar seu talento de intérprete e arranjador. Simples, faz questão de manter um relacionamento interativo com o público e de fugir de qualquer tipo de estrelismo. Conversa com os fãs via ICQ, atende tranquilamente às suas ligações e responde seus e-mail pessoalmente:
“Outro dia uma fã escreveu brigando comigo, porque eu demorei a responder. Pelo fato do trabalho não estar sendo maciçamente divulgado as pessoas não me conhecem. É estranho pra mim quando às vezes sou reconhecido nas ruas, pelo fato de não ser assim, tão comum.”
Emmerson gosta do que toca, não pretende sair do formato acústico e não teme qualquer estereótipo:
“Se for para ficar marcado por tocar clásssicos do rock n´roll, considero até uma honra… escolhi fazer isso, nunca foi algo forçado. Na verdade eu sempre preferi tocar cover que minhas próprias músicas, para que o público não curta só 2 ou três faixas. Me realizo quando vejo que estão curtindo o show todo, cantando e dançando todas as faixas.”
Músico/Cidadão
Preocupado com a situação do país, não está no momento com nada de cunho beneficente agendado, “pela mais absoluta falta de convites”. “Acho que ainda não rolou nenhum convite pelo fato da minha imagem ainda não ser popular, ainda não calhou de fazer… mas quando pintar tanto eu quanto a banda faremos da melhor forma possível”, afirma.
Ele vê uma enorme força artística no Brasil e acha que se cada um de nós não der conta de melhorar o país, ninguém mais o fará. “Somos um país bonito, mas que está passando fome, sede e principalmente, raiva.”
Se cabe aos cidadãos fazer sua parte na construção de um país mais justo, cabe ao público contribuir para a eliminação de “Kelly Keys” das listas de mais vendidas e prestigiar a boa música. Começar por Versão Acústica é uma boa pedida.