Turnê do Skank é uma partida de futebol
Domigo, dia 17 de novembro, o Skank foi ao Canecão (Rio) para fechar com, digamos respeito (convenhamos, “chave de ouro” já não dá mais…) a turnê do álbum “MTV ao Vivo”, gravado em Ouro Preto no ano passado.
A maioria dos críticos de música costuma destilar veneno para cima da moda dos álbuns “MTV ao vivo”e dos “Acústico MTV”. As críticas têm cabimento: gravar um disco ao vivo na maioria das vezes é apenas um atalho para fazer uma coletânea de hits, ou seja, um disco vendável (e rentável). Virou um mecanismo fácil do qual se utilizam bandas que tem pouco tempo de estrada (e poucos discos) e pouco talento. Ao invés de trabalhar a sério e gravar um disco de inéditas, as bandas ficam por mais uma turnê tocando as mesmas músicas de sempre. As gravadoras, por seu lado, se arriscam muito menos. E nessa brincadeira, o mercado e a cena musical como um todo ficam estagnados.
Mas como em todos os casos, não dá para generalizar – e o Skank fecha a turnê do seu “ao vivo” provando isso. Numa época em que qualquer banda que chegue ao terceiro disco já é considerada “veterana” e “estabelecida”, o Skank tem uma bagagem considerável (na estrada desde 91, com 6 discos nas costas e um dos maiores hits da história do pop nacional, “Garota nacional”) e uma coletânea de hits respeitável. Seu disco ao vivo não soa prematuro e forçado. A banda tem repertório de sobra, suficiente pra gravar um disco em turnê e ainda deixar de fora alguns hits e várias músicas interessantes.
No palco do Canecão, os mineiros mostraram que estão em casa em qualquer lugar. Com uma barulhenta – e jovem – torcida, a banda tocou com vontade e à vontade, interagindo com a platéia (apesar de uma certa timidez dos integrantes da banda, que se parecem muito com o esterótipo do “mineiro-tranquilo-na-dele”, com uma pequena exceção para Samuel Rosa, que tem de liderar o show) e alternando sequências mais pop, mais rock e mais balada. E o Skank tem hits para cada uma dessas sequências, o que mostra bem a diversidade e o frescor da banda.
Repetindo um expediente já utilizado na primeira passagem dessa turnê pelo Rio, os mineiros convidaram outros músicos para uma canja. Se da primeira vez Fernanda Abreu (em “Balada do amor inabalável”) e Tianastácia (tocando “Cabrobró”) foram companheiros muito bem vindos, no último show o convidado Arnaldo Brandão (ex-Hanoi Hanoi e parceiro de várias figuras do rock brasileiro, entre elas Lobão e Cazuza) não deu tanto gás à apresentação. Talvez pela idade média muito baixa do público presente, “Totalmente demais” (do Hanoi Hanoi) e “Radio bla” (de Lobão e Arnaldo, gravada pelo último) não tiveram o impacto devido – afinal, são dois hits inegáveis do pop rock 80, quando grande parte do público acabava de nascer.
De qualquer modo, a participação especial não atrapalhou um show que teve homenagem aos Paralamas do Sucesso (com uma versão de “Loirinha bombril”) mais os sucessos de sempre (“Garota nacional”, “Tão seu”, “Tanto”, “Uma partida de futebol”, “Jack Tequila”, etc e tal). Além destes, a banda acrescentou algumas músicas que não foram registradas no “Ao vivo” – como a excelente “Amolação” e as pesadas “A cerca” e “Rebelião”. A lamentar, a quase total ausência de músicas do primeiro disco.
O Skank encerrou uma bem sucedida turnê de sucessos com um show típico: vibrante, alegre, pop até a medula. Diversão garantida, ingresso bem pago. Agora, é esperar que o próximo disco não seja um “acústico”, mas mais uma fornada do melhor pão de queijo da atualidade.