Stephen Malkmus no Abril Pro Rock
O aviso na bilheteria dizia: “Ingressos para Pullovers, Thee Butchers Orchestra e Stephen Malkmus esgotados”. É o terceiro dia do Abril Pro Rock paulistano, agora no bacana Sesc Pompéia, com a abertura de duas bandas nacionais, que cantam em inglês, e a atração principal Stephen Malkmus, o queridinho dos alternativos.
A primeira banda a subir no palco da Choperia do Sesc foi o Pullovers. Demonstrando, e assumindo ao microfone, nervosismo, o quarteto mostrou seu pop alternativo, que ora soou como um bom Superchunk, ora como um fraco Toy Shop. Com letras ngraçadinhas e uma presença de palco ainda um pouco amadora, o destaque ficou para a guitarrista Marianne. Detentora de todos os solos e arrojados riffs dos Pullovers, a garota utilizou até uma baqueta para tirar sons de sua guitarra.
Depois foi a vez do power trio guitarreiro Thee Butchers Orchetra. Power trio com formação diferente: uma bateria e duas guitarras, sem baixo. Mandando um rockão pesado com qualidade, os caras demostraram um entrosamente muito grande e não faltou garra no show. O som, meio Jon Spencer Blues Explosion (atração do Abril Pro Rock do ano passado), misturou rock de garagem, blues e rockabilly, com dois guitarristas ensandecidos à frente, e o baterista pegando pesado lá atrás. Provaram que realmente são uma das melhores bandas do cenário alternativo nacional.
Stephen Malkmus
Enquanto no começo da década de 90 estourava o grunge em Seattle, uma banda, de forma bem mais discreta, também começava a conquistar sua legião de fãs, em Stockton, Califórnia. Estou falando do Pavement, que infelizmente acabou em 99. Esses fãs ficaram com os discos e com o também discreto Stephen Malkmus, que se lançou em carreira solo. Não é nada fácil para um músico constriur uma carreira fugindo da sombra de um ex-grupo como o Pavement, e Malkmus está tentando.
No show do Sesc ele se esforçou, mostrou músicas novas, tocou quase todo seu álbum solo, mas o público delirou mesmo foi com as antigas músicas da sua ex-banda. E foram duas: “Here” e “In The Mouth A Desert”, todas do disco “Slanted & Enchanted”, de 92. Nesses momentos o rapaz foi ovacionado, o público mandou um coro e delirou muito, principalmente na última música do show, “In The Mouth …”.
As novas canções apresentadas pela banda seguem a mesma linha de seu disco solo, “Stephen Malkmus”, e mostram que o músico continua fiel a seu estilo low fi. No palco, Malkmus, como não poderia deixar de ser, é um cara discreto. Empunha sua guitarra e abre a apresentação com a ótima “Discretion Grove” e a ensolarada “Phantasies”.
Em “Jenny & The Ess-Dog”, primeiro single e melhor música de seu disco solo, ele se solta, dança, grita e ensaia um final diferente. Apesar da alta qualidade e esforço dos músicos, grande parte do público parecia ainda frio, dava aplausos tímidos e esperava mesmo as músicas do finado grupo. No final o balanço foi bom: show competente, um ídolo em cima do palco e, de quebra, ainda fomos brindados com duas músicas de um dos expoentes do alternative rock americano dos anos 90.
Na saída todos os CDs do Pavement, inclusive os dois primeiros que acabaram de sair por aqui, estavam a venda por sugestivos 15 reais. Muita gente deu uma parada e foi embora ouvindo no carro todas as canções que gostariam de ter ouvido no show daquela noite.