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Resenha: Show d´os Mulheres Negras

A impressão que ficou foi a melhor possível. Confesso que não tinha a menor idéia do que estaria prestes a ouvir. Minto. Óbvio, já imaginava encontrar algo de irreverente. E o resultado foi muito melhor do que esperava. Embora o ambiente lotado e os dois artistas sentados no início, a platéia interagiu e começou a pedir: Levanta… Levantaram: Maurício Pereira e André Abujamra, os Mulheres Negras.


Já confessei que não havia ouvido o som dos caras. Mas tinha uma noção. Conhecia Maurício da banda Fanzine, nome do extinto programa de Marcelo Rubens Paiva. Saudade dessa época. Ainda havia bons programas na tevê. O André, a moçada conhece do Karnak. Antes do show, ele havia falado à imprensa: não pensem em ir ao show, esperando ouvir Karnak.


Ok. Os músicos e seus instrumentos: Maurício e o seu super saxofone; André e sua virtuosa guitarra. A platéia e seus argumentos: jovens que não sabiam bulhufas (me inclua nisso) se misturavam ao fervor daqueles que cantavam todas as canções e ainda pediam o super hit Elza. No entanto, fiquei com vontade de ouvir a música. Sucessos dos idos anos 80 dedicados ao hoje. Os dois álbuns dos Mulheres foram relançados em CD, no ano passado, com a direção do titã Charles Gavin.


O show começa. Platéia animada, tão animada que quase sai quebra-pau (estou falando sobre o show de Curitiba, onde eu vi). No meio da apresentação, uma senhora eufórica não agüentava ouvir as idéias mirabolantes e explanações de Maurício Pereira, então a véinha começou a gritar. “Cala a boca e canta”. Uma moça que estava ao lado disse pra figura: “Cala boca você”. Vixe… É impressionante, quando um artista tem o que falar, vão lá e pimba, querem cortá-lo. Cadê a liberdade artística?


Eu, bem atrás das duas! No final, fui perguntar ao músico. “E aí, o que achaste daquela senhora que te mandava calar a boca?”. E acabei conseguindo um furo de reportagem: “Você sabe que em vinte anos de Mulheres, nunca encontrei uma mulher pentelha como essa?”, falou Pereira.


Pentelha mesmo. E continuou: “Mas eu sou da opinião de que o público tem a razão. Eu no palco poderia acabar com ela”. Bom pra ela. Mas… vem cá, Maurício, confessa que fora do palco você dá um show também. O que foi aquele Rodoscópio (ou algo parecido com isso) no meio da multidão? Enquanto ele tocava seu sax, rodopiando em meio ao público. Rodopiou tanto que perdeu a memória (faz parte da encenação), nisso pegou a carteirinha da Ordem dos Músicos e mais crítica… não vou dizer qual foi, senão perde a graça. Enquanto Maurício recuperava-se, André Abujamra – no palco – dormia num sono profundo que foi preciso dizer uma palavra mágica indescritível para o cara acordar.


O “fofinho” do Abujamra, como disse um amigo meu, mandou ver na sua performance: que voz, que mímicas. Sem as mímicas, a canção não seria a mesma.


A melhor parte foi a do playback. Sim, um playback no bis… soltaram a música ”Submarimo Amarelo”, aquele submarino, só que mais divertido, claro. E o povo eufórico em coro: “sub, sub, sub. Sub, sub, sub, marino amarelo”. Fizeram a melhor dublagem da história; Sem dúvida uma das críticas mais bem humoradas ao que acontece com certos cantorezinhos e cantorezinhas atuais. Se a Britney Spears ouvisse, ficaria com inveja. Playback facilita pra caramba… dá pra atender celular, tomar uma aguinha… um sarro.


Resultado: saí do show cantando o que eu nunca havia ouvido e aquela velha… bem… deve ter ido beber um suquinho de maracujá. Com vodka, claro! Argh…

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