Red Hot Chili Peppers – Estádio do Pacaembu – 12.10.2002
Enfrentar um público de cerca de 45 mil pessoas não é tarefa fácil. Para agradar à multidão é preciso músicos competentes em cima do palco e muitos hits. O Red Hot Chilli Peppers tem esses dois itens como poucos hoje em dia e não abriu mão deles no último sábado, no Estádio do Pacaembu.
Se no show de encerramento do Rock in Rio 3, ano passado, a banda foi criticada por fazer uma apresentação burocrática, não se pode falar o mesmo desta performance. O guitarrista John Frusciante estava em noite inspiradíssima. Fez grandes solos e mostrou todo seu potencial. Já o baixista Flea declarou amor aos fãs presentes, puxou um coro nacionalista e tocou até em cima da bateria.
O repertório foi recheado de sucessos recentes e faixas do disco”Blood Sugar Sex Magik”, de 91. Logo na abertura uma seqüência que pôs a arena do futebol abaixo. Primeiro “By The Way”, que mostrou funcionar extremamente bem ao vivo, seguida por “Scar Tissue” e “All Around The World” para delírio do público. A agitação no início foi tanta que a apresentadora Fernanda Lima teve que subir ao palco para pedir calma ao pessoal da pista.
Em seguida ainda vieram “Otherside”, “Suck My Kiss” e o último single, “The Zephir Song”. Poucas bandas têm repertório para começar um show com tantos hits. Como não poderia deixar de ser, em seguida o show deu uma esfriada, mas daí logo os Chili Peppers abriram novamente seu arsenal de sucessos e mandaram talvez os dois maiores da carreira: “Californication” e a contagiante “Give It Away”.
Apesar do alto nível, não tem como não sentir falta da primeira fase do grupo, deixada de lado há algum tempo por eles. Dos quatro primeiros álbuns, apenas uma música foi incluída no set list. “Higher Ground”, “Fight Like A Brave”, “Soul to Squeeze” podem até não ser as preferidas do público jovem que estava ali, mas fazem falta aos fãs antigos do grupo californiano.
O bis contou com a bela “Under The Bridge” numa versão maravilhosa com direito a isqueiros iluminando o estádio e grande coro do público. Finalmente o Kaiser Music Festival fez jus a todo alarde criado em seu anúncio. Trouxe ao Brasil uma das bandas mais badaladas da atualidade mesmo com o dólar batendo a casa dos quatro reais. Ainda é pouco para quem falou em Pearl Jam, Oasis e Radiohead, mas num ano fraco de atrações como este, o Red Hot tem grandes chances de encabeçar as listas de melhores shows do ano daqui a alguns meses.