Max de Castro: Elegância de Orquestra, Simpatia de Samba
(Multiplace Mais, Guarapari-ES, 23 de Janeiro de 2003) Praticamente perfeito! É isso que eu posso dizer do show do cantor Max de Castro na Mais, em Guarapari, ES. Sinceramente foi além das minhas expectativas e, creio eu, da expectativa dos que presenciaram o evento.
Subindo no palco à 0:30h, já sexta-feira, dia 24 de Janeiro, e acompanhado por uma banda de estrelas (Robinho [baixo], Marcelo Maita [fender rhodes], Marco “Xuxa” [teclado e B3], Tuto Ferraz [bateria], Fred Prince {percussão] e DJ Eugênio Lima [pick-ups]), Max sobiu munido de sua Telecaster disposto a ganhar a platéia – e conseguiu.
Como no show do irmão, Wilson Simoninha, ele optou por preterir suas composições em prol de um repertório diversificado, o que foi um tiro certeiro para arrebanhar o povo durante 1h20min de apresentação – por isso o show não chegou a ser perfeito, podia ter mais. Por exemplo, do último disco (Orchestra Klaxon) só houveram 3 músicas. O mais curioso é que, depois da metade do show, era perceptível que pelo menos 2 músicas sequer foram ensaiadas (a reação dos músicos, ainda que discreta, denunciava). O cara e a banda estavam realmente à vontade!
Sobre os arranjos: Max deixou as pirotecnias eletrônicas (presentes em seus dois trabalhos) num segundo plano e priorizou uma sonoridade muito orgânica e cheia de vida, pra fazer todo mundo dançar. Muito funk, soul e, claro, samba – e do bom. Deu-nos a sensação que o show foi dividido em 3 blocos: o primeiro era mais “grooveiro”; o segundo, mais “sambístico”; por último, Max deixou fluir um pouco mais da pulsação eletrônica/acid.
No bloco “funky”: de cara veio “Uma Onda Diferente” (Samba Raro); depois destacam-se “A Vida Como Ela É”, “Sonho de Verão” (ambas do O.Klaxon), “Me Leve” (Djavan) e “Que Maravilha” (Ben Jor). Quando Max caiu no samba, foi impossível não cantar a seqüência “Tonga da Milonga do Kabuletê” (Vinícius de Moraes e Toquinho), “Você Abusou” (Antônio Carlos e Jocafi, gravada primeiramente por Maria Creuza) e a clássica “Trem das 11″ (Adoniran Barbosa) – como diria um dos nossos colaboradores presentes: “foi uma seresta de luxo”. Por fim, as ótimas “Samba Raro” (do álbum homônimo), “Mais Uma Vez Um Amor” (O.Klaxon) e, de improviso, “Só Tinha Que Ser Com Você” (do Tom Jobim, regravada pela Fernanda Porto) encerraram a apresentação em altíssimo estilo e astral. Senti falta de “A História da Morena Nua” e “O Nego do Cabelo Bom”, mas essas ausências não comprometeram o todo.
Ainda cabe elogiar a excelente iluminação e o som impecável – independente de onde o ouvinte estivesse, o som estava nítido. Quanto à iluminação, as fotos falam por si só.
Por fim só me cabe dizer: um dos melhores shows que eu vi na minha vida. Max de Castro mostrou que além de ser bom cantor, compositor e músico (ele é um excelente guitarrista), tem a capacidade de transformar o momento em algo único, diferente do CD, porém igualmente luxuoso.
Fotos do show (por Fabrício Zuculoto)