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INXS no Rio de Janeiro

       Pouca gente – no máximo umas duzentas pessoas – foram ver o clone do Michael Hutchence (o loiroso de cabelo encaracolados pelo ombro Jon Stevens) requebrar e se sacudir pelo palco do ATL Hall. Tudo direitinho, como ele deve ter visto nos vídeos antigos da banda. Cantar, ele até faz legal. O chato é que você sabe que o cara está ali porque alguém deixou vago um lugar e o restante da banda não pôde pagar pelo trágico destino da figura principal do INXS.


       O show começa com a voz do próprio Hutchence, cantando o hit “Never tear us apart” – que mais tarde, ao ser tocada, foi oferecida em sua homenagem. Enquanto isso, o tecladista Andrew Tim entrava no escuro para iniciar a apresentação com o maior sucesso da banda: “Bye my side”. O intuito era de agradar as testemunhas – quero dizer, o público – desde o início. “New sensation” foi pra acordar quem ainda estava dormindo.


       O mais incrível é que se houvesse algum desinformado (sempre há), ele juraria que aquele moço de calça preta de couro era… como é nome dele? Aquele… eu não lembro. É, as chances dele se enganar eram enormes. Jon tem o mesmo timbre que o falecido, o andar e performance de palco são exageradamente parecidos.


       Porém, toda esta semelhança não atrapalhou a banda dos irmãos Farris de terem bons momentos no show. Momentos estes que mostram uma banda coesa, que sabe o que está fazendo e o melhor de tudo: tem o tom certo do pop/rock que pretende mostrar. Quando os hits apareceram, como “Beatiful girl”, “I need you tonight” e “Suicide blonde”, eles mostraram o seu potencial. O problema são as canções novas, testadas nesta turnê junto com o vocalista, que não mantém o nível das composições antigas.


       Tudo isso (vocalista novo, hits, canções inéditas) ficaram de lado por alguns belos minutos. Foi quando começaram os acordes de “Never tear us apart” e as imagens de vídeos e fotos de Michael Hutchence desfilando no telão ao fundo do palco. Foi um momento emocionante. Pela lembrança de alguém que viveu ao extremo o fato de ser um rockstar e pagou o preço por isso. Fica a imagem
de um vocalista com estilo próprio que soube transformar uma banda australiana em sucesso mundial, com vários hits conhecidos em toda parte.


       Michael faz falta. Os rapazes de sua banda parecem sentir isso, visto a carga enorme de passado que pontua a sua apresentação. A grande questão é se eles terão competência para criar um caminho a partir de agora. Isso só o tempo pode dizer.

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