Fat Marley quer Bob Marley para presidente
Fat Marley é mistério, diz a nota sobre show realizado sexta, 25/10, no Sesc Pompéia, São Paulo (SP).
Vários espectadores vipes e felizes pegavam seus convites com direito a cerveja ou refrigerante no guichê próximo à rua Clélia.
O show tinha começado. No palco, nenhum músico à vista. Duas telas encobriam quem estava por lá, num esquema bastante popularizado pelo Gorillaz. Por trás do pano, André Abujamra vestia bermuda, contrabaixo e falso rasta sobre seu rosto.
Na projeção cinematográfica, uma garota dançava entre camelôs e transeuntes pela calçada da avenida Paulista; crianças negras em vilas pobres de algum lugar do sertão olhavam, sob edição de videoclipe; e a frase Bob Marley para presidente, sobreposta ao filme, causava tímido riso na platéia. Como num Big Brother improvisado, os integrantes da banda (Fat Marley?) eram flagrados tocando por uma câmera digital. A objetiva tendia para o lado de Abujamra.
As músicas vão do dub ao drum´n´bass com elementos genuinamente brasileiros. A sonoridade búlgara, utilizada no Karnak, é repetida nesse novo projeto. Diálogos de filmes são colados em aberturas de músicas, remetendo ao álbum supra sumo da modernidade Since I Left You dos Avalanches.
Uma pausa. Baterista, baixista e guitarrista vão em direção a uma garrafa térmica de café. O DJ permanece cercado de equipamentos, tocando uma das canções com o BPM (batida por minuto) mais alto da noite. O guitarrista, calvo e com barriga proeminente, ironiza a dança clubber.
Grande parte dos espectadores ficou sentado nos bancos que margeiam a pista de dança. Uma minoria, em pé, completava os espaços dessa linha imaginária existente entre a pista quase vazia e fora dela. Pouca gente dançou. O público não parecia familiarizado com o ritmo. Quem se mexeu fez de um jeito que seria mais comum no show do Chico César.
Final de espetáculo com direito a legendas.