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Echo and The Bunnymen no Credicard Hall

       Um Credicard Hall lotado presenciou a apresentação do Echo And The Bunnymen no último dia 29 de maio, na turnê do disco Live in Liverpool. Há 12 anos a banda passava pela primeira vez ao Brasil e fazia cinco noites históricas no Anhembi. De lá para cá muita coisa aconteceu: o grupo se separou, voltou, tocou por aqui em 99, perdeu o baterista Pete de Freitas num acidente de moto, e o baixista Les Pattinson caiu fora.


       Talvez por boa parte desses motivos o show do Credicard não tenha sido tão brilhante quanto o do Anhembi, mas também não será facilmente esquecido pelas pessoas que lá estavam. A maioria na casa dos 30 anos, que deliravam cada vez que Ian McCulloch e sua trupe destilavam os antigos clássicos da banda. E foram estes que se destacaram ao longo do show.


       Logo na abertura, já para mostrar que não iria economizar nos sucessos, o Echo manda “Lips Like Sugar”, maravilhosa, que incendeia a casa de show. Na seqüência vem “Rescue”, do disco de estréia, “Crocodiles” (1980). “Bring On The Dancing Horses” consolida o grande espetáculo, e ao final da contagiante “The Killing Moon” o grupo é ovacionado pela platéia por alguns segundos.


       O vocalista Ian McCulloch não deixou sua pose de rockstar em nenhum momento. Logo ao entrar no palco estava com seu inseparável cigarro na boca e copinho, que periodicamente refrescava suas cordas vocais, ao lado do pedestal do microfone. Ele elogiou a cerveja americana e, como apreciador de futebol, subestimou os adversários do Brasil na Copa e prometeu, para delírio do público, que sua seleção (Inglaterra) irá acabar com a Argentina. É verdade que sua voz não é mais a mesma de quinze anos atrás, mas não há como questionar sua majestade em ação.


       A iluminação do espetáculo mostrou inovação e competência. Boa parte dela vinha de trás dos músicos e os mostravam quase sempre sombreados na frente. Grandes quantidades de fumaça era lançada ao palco durante todo o show, o que ajudou a dar um clima gótico e obscuro ao local, como no ápice da banda, em meados da década de 80, na Inglaterra.


       O primeiro bis foi aberto com a bela “Nothing Lasts Forever”, e o segundo trouxe ótimas surpresas. Durante a execução de “Do It Clean”, Ian arrisca alguns versos de “Sex Machine”, de James Brown (mal deve ele saber que a música está em alta por aqui devido a um comercial de TV), depois canta à capela “When I Fall In Love”, e é muito aplaudido. A cover dos Doors, constante nos shows do grupo, veio, mas diferente do que muitos esperavam. Nada de “People Are Stranger” (regravada pela Echo) ou “L.A. Woman” (apresentada no show de segunda-feira), eles mandam, sim, uma versão matadora do clássico “Roadhouse Blues”, imortalizada na voz de Jim Morrison.


       No restante, ainda tiveram ótimos momentos em músicas antigas, como “Ocean Rain” e “Seven Seas”, em que Ian arriscou algumas braçadas. Claro, faltaram “The Game”, as novas e boas “Its Allright” e “King Of Kings”, mas não dá para resumir a história de sucesso de uma grande banda em uma hora e meia e não sentir um gostinho de quero mais.

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