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Charlatans em São Paulo

       Noite de segunda-feira, ingresso a 70 reais. Essa dupla é forte o suficiente para derrubar muitos eventos, mas não a primeira vinda do Charlatans à São Paulo. Foi o primeira dia da 10ª edição do Abril pro Rock, que pelo segundo ano consecutivo abre uma filial em terras paulistanas. É bem verdade que o Olympia estava longe de sua capacidade total, e a banda de abertura não ajudou muito, mas quem estava lá viu os rapazes de Manchester darem um grande show de rock n roll.


       A abertura ficou por conta do Los Hermanos, a última banda one hit wonder brasileira. Apesar de vários fãs na platéia, queaté ensaiaram um coro em Todo Carnaval Tem Seu Fim, a apresentação foi bem morna. O repertório misturou músicas do último álbum, Bloco do Eu Sozinho, com canções mais rápidas do disco de estréia do grupo. Para surpresa de muitos, eles não tocaram o hit Ana Júlia, e a estranheza das músicas novas não empolgou nem público, nem banda.


       Às 23:20 subiu ao palco o tão esperado The Charlatans. Eles abriram a apresentação com a nova “Love Is The Key”, que ao vivo ganhou vitalidade, com menos eletrônica e mais guitarras. Em outras faixas do último álbum, “Wonderland”, o Charlatans exagerou na eletrônica (a exemplo do disco – o mais fraco da banda) e quase colocou tudo a perder. Mas, para compensar esses pouco momentos ruins, apareceu a força dos outros álbuns, como na intensa massa sonora da música “Telling Stories”, a terceira do show.


       Enquanto Tim Burgess comprovava sua grande presença de palco, o público ia se soltando. A partir do segundo terço do show a pista já parecia uma agitada casa noturna de Manchester, do início da década de 90. O ponto alto da apresentação veio na seqüência que começou com o maior sucesso da banda, “The Only One I Know”. Grande música, grande performance, emendada na doce “Impossible”, do álbum “Us And Only Us”. A música mais Bob Dylan do Charlatans caiu como uma calmaria para vir outro petardo: “North Country Boy”, pesada, com Tim cantando como nunca.


       Pronto, eles já tinham feito valer cada centavo do ingresso. Depois de deixarem o palco de maneira rápida e fria, as expectativas ficaram para o que viria no bis, e não houve decepção. Primeiro a ótima “Just Looking”, do álbum homônimo à banda, e, para fechar em grande estilo, vem aos poucos “Sproston Green”. Começando só no baixo, evoluindo até estourar nas caixas de som. Tim vai ensaiando sua entrada, e solta de forma magestosa os primeirso versos: “This One Knows, she comes and goes. And she goes, she goes”.


       Um final apoteótico e não restava mais nada. Era hora de ir pra casa ciente de ter visto uma banda que atravessou a década de 90 fazendo boa música, e acabara de nos despejar um resumo desta.

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