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14 Bis consegue levar ao palco “todo o azul do mar”

“Foi assim, como ver o mar…”. A apresentação da banda mineira 14 BIS no Barracústico, em Vila Velha, no último sábado. Principalmente porque as quase quinhentas pessoas presentes ao local interagiram do início ao fim do espetáculo, transformando a apresentação em égise à beleza da boa e simples música genuinamente brasileira.


Com mais de 20 anos de estrada, o grupo é responsável por alguns dos melhores e mais conhecidos temas românticos de todos os tempos. A clareza e simplicidade das letras, que não perdem o estilo poético em momento algum,  continua a encantar o público  que se renova. Jovens na faixa dos 20/30 anos cantavam empolgadamente os “temas das histórias de amor de seus irmãos mais velhos” e, a julgar pelas reações, existe uma tendência a que se tornem seus próprios.
 
Planeta sonho


O sonho 14 Bis começou em em 1968, quando, como a maioria dos adolescentes contemporâneos dos Beatles, inspiraram-se nos rapazes de Liverpool para fazer música.


Na época , os adolescentes Flávio Venturini e Castro Moreira, o Vermelho, cumpriam juntos o serviço militar e o último vivia na pensão do primeiro. Apesar de muito jovens, tinham certa bagagem musical, tendo sido Vermelho iniciado no música por padres alemães e Venturini já, na época, manejar talentosamente o violão. Juntos faziam duetos “caseiros”, até passarem a participar de festivais locais, interpretando covers dos Baetles e Simon and Garfunkel. Participando de festivais, passaram a conviver com outros músicos ascendentes, entre eles Beto Guedes, que os convidou para uma participação em seu disco , lançado pela gravadora E.M.I no início da década de 70.


Até se encontrarem para formarem o Bis, o baterista Hely Rodrigues, o guitarrista Claudio Venturini, o baixista Sergio Magrão o letrista, vocalista e pianista Vermelho, e o ex vocalista Flávio passaram por várias bandas, as quais agregaram experiências musicais, posturais e bons contatos no meio, os quais renderam reconhecimento e consolidação do trabalho ao longo dos anos.


Entre os trabalhos importantes para o desenvolvimento  merecem lembrança a participação de Flávio no grupo “Terço”, o trabalho do ex- vocalista com a dupla regionalista Sá e Guarabyra, da dupla Vermelho e Hely Rodrigues no “Bedengó” (que acompanhou Caetano Veloso em Turnê) e “garagem do pensionato dos Venturini” pela qual passaram preticamente todos da geração oitentista do rock mineiro.


O 14 Bis nasceu no fim da década de 70, na agência de propaganda de Sérgio Magrão, e mantém até os dias atuais a formação inicial, à exceção do vocal, deixado por Venturini em 87, quando as obrigações da carreira solo não lhe permitiram continuar.


Foi com o timbre agudo, suave e uníssono de Flávio, que imortalizou canções como “Espanhola” e “Todo Azul do Mar”  no cancioneiro nacional.


Até o corrente ano foram 12 discos, sendo que a maioria enfatizou o uso de tecnologia e os últimos, em especial “Bis Acústico”, trabalharam em cima do estilo acústico, contando com participações e trazendo versões originais de antigas canções. Gravaram inclusive um trabalho em parceria com o Boca Livre.


De volta ao começo


Voltando  ao show,  a noite no Barracústico só não foi perfeita porque de acordo com o ditado popular “tudo o que é bom dura pouco”. O show foi curto e o local não dispunha de mesas disponíveis. Houve ainda quem considerasse a postura do vocalista Venturini em cima do palco, exagerada. Ainda assim,  é, como os demais, excepcionalmente talentoso.


Iniciaram por volta da meia noite ao som da instrumental “Cidadela”, que dá uma prévia do nível das execuções instrumentais que serão ali apresentadas. Passaram por todos os grandes sucessos, tocaram “Amigo”, de Milton Nascimento, não deixando de enfatizar a sua importância para a carreira do grupo (a música foi cedida pelo compositor para o primeiro disco do quarteto, produzido por ele), fizeram o público delirar com sua versão dançante de “Mais uma vez”, sucesso póstumo de Renato Russo e encerraram brilhantemente com  “Linda Juventude”, que também se encontra no CD homônimo de Flávio Venturini.


Considerando aspectos sonoros, musicais, performáticos, técnicos e inclusive a postura do público o quarteto 14 BIS mostra que continua atual e que qualidade “não sai de moda”. O público se renova, aprova e pede Bis, em todos os sentidos.

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