Supernova: rock anglo-brasileiro com pop-songs perfeitas
Brit Cafe, primeiro CD da banda carioca Supernova, impressiona. O conteúdo poderia ter saído tranquilamente de uma Abril music da vida – é bem tocado, bem composto, bem cantado, bem produzido e bem gravado, ainda que a qualidade sonora (conceitualmente falando) seja crossover total entre anos 60 e século XXI. É rock com cara de inglês – o título não nega – mas com letras ligadas no aqui e agora, como é o caso da faixa de abertura, “E amanhã talvez” (provável hit).
Apesar de mostrar influências de Who, Beatles, Oasis e brit-pop, o Supernova se aproxima bastante do que acabou ficando conhecido como som pop-rock brasileiro – algo que veio dos anos 80, com Legião, Paralamas, Capital Inicial, Titâs, e que pouco encontrou herdeiros nos anos 90 (o que aliás é apenas uma questão de, digamos, “linhagem”: o pop brasileiro deve as calças ao punk e ao rock inglês). Marcelo Nobre, o vocalista, pode vir a ser um hit-maker e o outro Marcelo (Secron), impressiona na guitarra, revestindo boas pop-songs com bons solos e riffs. Nesse setor, destacam-se a sensível “Canção para o Rio”, boa poesia lisérgica sobre a cidade, e “Tequila”, balanço sessentista com toques de “Oye como va” (Santana). “Mensagem para o eu”, por sua vez, é herdeira do balanço de bandas como o Live. “Uma entre cem” e “Ego” mostram que a fixação da banda pelo som inglês vem de muito antes do brit-pop – as duas faixas chegam a lembrar o som de Between the buttons, disco anglicista do Stones. A riqueza do instrumental da banda é mostrada em “Suprasumo”: barulho de qualidade, lembrando o riff de “Rat salad”, do Black Sabbath, mas assumindo ares metal-funk, com bons solos de guitarra.
Gastando competência pop, o Supernova arrisca chegar perto da canção perfeita em faixas como “Mary gates”, “Pra lugar nenhum” e , especialmente, “Amor cego”, uma das músicas mais tipicamente anos 60 do CD – mas sem aquela sensação de “já-ouvi-isso-antes”, tão conhecida. Ainda tem “Por um mundo melhor”, unindo o espírito pacifista dos Beatles ao som do Oasis e a melô da banda, “O supernova”, morrisseyana, mas bem roquenrol. Muito legal. Conheça a banda em www.supernova.art.br antes que alguma gravadora o faça.
Ps.: Contatos com o Supernova podem ser feitos pelo email supernovaonline@hotmail.com.