Sonic Youth dá lição de arrojo e atualidade em novo disco
Enquanto algumas bandas do “post-rock”, considerado por alguns o rock do futuro, dão passos atrás, ironicamente uma banda dos anos 80, já com vinte anos de carreira, é quem dá uma lição de arrojo e atualidade. “Murray Street”, lançado no Brasil no início de julho, é o segundo disco do Sonic Youth com a colaboração de Jim O’Rourke, agora já como membro efetivo da banda. O’Rourke é um dos principais nomes do post-rock, autor de vários álbuns solo, membro do Gastr Del Sol e do (menos conhecido) Brise-Glace.
Pode até parecer redundância, mas é preciso ressaltar que o novo álbum da banda nova-iorquina traz excelentes arranjos de guitarra e realmente cai pro lado do post-rock, no que se refere ao andamento das composições. Há pouca agressividade e as melodias fluem livremente, apesar das distorções e microfonias.
Mesmo contando com 7 faixas em pouco mais de 45 minutos de música (apenas uma delas, “Plastic Sun”, possui menos de 4 minutos), o disco tem ar épico e as harmonias são complexas, praticamente progressivas – influência de O’Rourke, certamente -, como pode-se notar em “Rain On Tin”. “Karen Revisited”, composição central, abre espaço para o experimentalismo em incursões hipnóticas, caindo no space rock, ao passo que “Sympathy For The Strawberry” encerra o álbum de maneira a princípio leve, com Kim Gordon nos vocais, mas apoteótica, no final das contas.