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Scaramanga: Praia, chapação, maconha e (pouco) rock n roll

Praia, chapação, maconha e pouco rock n roll. O Espírito Santo também tem a sua resposta para bandas como Charlie Brown Jr, O Surto e Tijuana. O grupo se chama Scaramanga e acaba de lançar seu primeiro disco, o indigesto “Num Güenta Bebe Leite”. Eu não agüentei a porrada e agora escrevo sob efeito de litros e mais litros do mais puro leite Selita.
    A indigestão começa no texto de divulgação, segundo o qual o Scaramanga é “uma banda tipicamente rock, mas com uma parabólica conectada com toda a esfera musical universal, recebendo influências dos mais variados tipos que são incorporadas à sua espinha dorsal, criando uma identidade multiface em suas composições.” Isso bastaria para condenar o disco às gavetas empoeiradas dos jornalistas, sem ao menos ser escutado.
    Só que, em nome do profissionalismo, eu fiz questão de escutar o trabalho dos caras. E mais de uma vez. A constatação foi a esperada: uma banda pesada, com influências de metal, reggae, rap e ecos de O Rappa, Planet Hemp e do já citado (arghh) Charlie Brown Jr. Tem tudo para fazer sucesso entre aquela galera que curte um sonzinho pesado na sexta, reggaezinho no sábado e pagodão no domingo.
    As letras, bem, imagine um pitboy aventurando-se na poesia. Assim que são elas, profundas como uma piscina infantil, enigmáticas como o jogo da velha. São compostas de partes iguais de crítica social, apologia à chapação e versos de auto-afirmação.
    É claro que o disco tem algumas qualidades (bate e depois agrada, né, safado!!!). A produção, assinada por Jam Penitente (Dallas Company), é cuidadosa, assim com o encarte, bem feito e com as letras de todas as músicas. Algumas delas podem perfeitamente estourar nas rádios e cair no gosto do público – eu apostaria em “Isso não tem que ser assim”, cujo refrão grudou na minha cabeça.
    O problema é que existe um abismo enorme entre reconhecimento por parte do público e a qualidade propriamente dita. A turma pode até se amarrar na música “Meu Estado” e na vinheta “Interlúdio Tropical (pt. II)”, mas elas nunca deixarão de ser horrorosas por causa disso.

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