Projeto Colorama traz drum n bass acústico
Foi só o rock perder seu status de vanguarda que as bandinhas pop logo adquiriram o péssimo hábito de flertar com a eletrônica – o que normalmente significa colocar barulhinhos sintéticos em cada compasso de suas faixas. Nada, enfim, que seja novidade no mundo desde a década de 60.
Claro que alguns projetos conseguem explorar o que realmente há de inovador na música eletrônica, e estabelecem uma simbiose justa: enquanto o techno sampleia seus timbres eletro-acústicos, eles se apropriam da estrutura característica para revitalizar as boas e velhas canções. Nesse sentido, ninguém consegue ser mais eficiente que o clandestino Manu Chao.
E agora vem o Colorama aproveitar um ângulo pouco explorado da questão. Produzido pela galera do Bossacucanova, o grupo brasileiro pretende despir o drumnbass de seus baixos distorcidos e da bateria frenética, para usá-lo no arranjo de músicas tradicionais. Mas nada de remixes: tudo é gravado sem programação, com instrumentos e músicos de verdade, em clima de bebop.
Nesse primeiro registro Jungle Jam Acústico, o charme foi não perder as características do ritmo eletrônico. Um verdadeiro desafio, ainda mais considerando a variedade de estilo das músicas escolhidas.
O cool jazz Moanin ganha levada surf, e o Prelúdio nº4 para violão, de Villa-Lobos, espacialidades nunca antes imaginadas. A nova Feira de Mangaio tem scratches e a versão (desnecessária) de Construção é incrivelmente sombria. Prova que você não precisa ser modernoso para soar atual.