Novo disco do Luna: Os indies também amam
Antes de ouvir, suavize as luzes, passe um perfume, vista uma beca estilosa. O Luna chega ao seu sexto disco meio cego pela poeira do amor, vendo milhões, bilhões, trilhões de estrelas.
Se é romântico, mesmo? Ô, de certo modo. Kitsch seria um termo mais certeiro. Até meio brega, meio “churrasco na casa da sogra”, repleto de guitarrinhas tropicais, bends, delays e rimas fraquíssimas: noodles com oodles, curls com churl e pérolas do gênero.
Nada muito extraordinário (mesmo). Zero experimental. A única novidade pra quem anda mergulhado na cena indie é a babaquização total. Ninguém pode negar que o disco tem personalidade.
Canções canastronas, backings chá-lá-lá-lá. Embora elas soassem perfeitamente na boca do Maurício Manieri, acabam funcionando muito bem nos arranjos de escalas menores. Até a voz “patolino” do frontman Dave Wareham soa exata – ou melhor, é justamente ela que dá vida às letras terríveis!
É aquele bom e velho romantismo, rapaz! Se os “reis” (o de Cachoeiro e o de Graceland) fizeram e todo mundo acha o máximo até hoje, por que não recauchutar?
Faixas (Com trechos especialmente selecionados!)
Lovedust – Nos primeiros quatro versos do disco eles já dizem a que vieram: when candles light themselves/ and the air turns creamy/ why not take a photograph?/ you look so dreamy. Uau.
Black Champagne – Como nem tudo poderia ser uma catástrofe, essa faixa traz algumas belas linhas de poesia: drinking black champagne/ diamonds in my veins/ my hands are growing old/ my teeth are paved with gold.
Mermaid Eyes – Britta Phillips, a nova baixista do grupo, mostra que não é apenas mais um rostinho bonito no palco. É ela que sussura os versos dessa canção açucarada: do I, oh do I/ remain in your mind?/ only to poison/ the love that we find.
1995 – Lembra do Kula Shaker? Sabe aquela música 303? Não? Pois é muito parecida com essa faixa aqui, um rockão divertidíssimo: follow me to the top/ all the way, never stop/ I know I lost my cool/ it’s nowhere to be found.
Romantica – A faixa-título fecha o disco num clima country cool, à despeito da letra tantã: I’m in a jam, your in a pickle, we’re in a stew/ it’s cold in the oven, warm in the freezer, there’s red in my blue.