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Novo disco “dá gás” na carreira de Natalie Cole

Sei que corro o risco de ser criticado, mas conheço alguns que compactuam comigo no mesmo pensamento: eu não vou muito com a cara da Natalie Cole. Pois bem, mesmo assim não deixei de ser profissional (tentando deixar minhas impressões pessoais de lado) e ouvi o seu mais recente CD, “Ask A Woman Who Knows”.
 
Natalie alçou o vôo para o sucesso às custas do pai, no mega-hit “Unforgettable” (em 1991), e desde então nunca retomou ao patamar anterior de vendas e popularidade, diga-se de passagem lançando trabalhos que foram bem quistos pela crítica. Ask A Woman Who Knows é nitidamente um disco concebido para dar um gás à carreira da dama. Conta com a produção de Tommy LiPuma (o mesmo de Unforgettable) mais alguns dos melhores músicos de estúdio dentro do estilo, como Joe Sample, Christian McBride, Roy Hargrove e John Pisano. Agora, não vá esperando a quebradeira geral – como eles não são as estrelas, os caras comportaram-se bem até demais. Ainda assim a presença deles, somado à excelente orquestra que acompanha Natalie, sofisticou o trabalho.
 
Desconsiderando as fotos do encarte – onde Natalie faz cara de “olha-como-sou-uma-coroa-sexy” – e fazendo um pouco de vista grossa para o excesso de romantismo barato presente em boa parte das letras, descobrimos em “Ask a Woman” um CD de agradável audição (mérito principal dos músicos, como já disse). Ela desfila basicamente um repertório de smooth jazz, de apelo mais pop, evidenciado pela interpretação “sentimental” que ela faz questão de mostrar aos ouvintes – um dos principais motivos para que eu não goste dela – mas que também não me dá o direito de dizer que ela é péssima, há quem a admire.
 
Inclusive achei muito curioso que a interpretação de Natalie é muito superior nas músicas mais, digamos, pesadas: confira “It’s Crazy” (a melhor do disco), “Soon” e “My Baby Just Cares For Me”. Nessas ela realmente impressiona. Ela também flerta com a bossa-jazz em “So Many Stars” (composição de Sérgio Mendes) e “Tell Me All About It”, ambas com algum êxito. Agora, como a Sra. Cole prefere fazer um som mais “água-com-açúcar” (é mais vendável), presenciamos a participação da maravilhosa Diana Krall desperdiçada na sem graça “Better Than Anything” ou as horrorosas “You’re Mine You” e “I’m Glad There Is You”, que só não ficaram pior por culpa deles (de novo), nossos amigos musicistas.
 
Entre prós e contras, Natalie se sai bem neste novo trabalho. Pode não impressionar os amantes de Sinatra, Holiday, Fitzgerald e cia, mas realmente a filha de Nat King Cole amadureceu um pouco mais.

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