Novo CD do Def Leppard traz hard pop bem feito
Permitam-me dizer do Def Leppard o que já falei aqui, há algum tempo atrás, sobre o coisa-nossa Capital Inicial: as músicas do Def não são para quem está atrás de sgt.pepperismos. Se você quer ouvir, dançar, se divertir, amar, se entreter e ficar feliz, compre algum disco do velho Def. Mas se você quer alguma coisa super-ultra-hiper-elaborada, esqueça. E isso não diminui a banda, que é ótima. O Def é uma banda que faz pop pesado, com influências metálicas, romantismo e algumas coisas meio dançantes, com programação de bateria. E o disco novo, que tem sido apontado por alguns fâs como o pior da carreira deles, até que bate um bolão – levando em conta que eu não tenho nenhum disco deles em casa além desse, é uma boa referência, não?
O Def Leppard vem levando há 20 anos uma carreira das mais erráticas e acidentadas – e bota acidentada nisso. Até na numerologia já foram buscar explicações para a maré ruim que assolou o Def durante tanto tempo (segundo o que dizem, um leopardo surdo – tradução do nome da banda para o português – tem pouquíssimas chances de sobrevivência na selva, por estar sem seu principal senso de orientação). No quesito “sobrevivência”, por sinal, o grupo tem muito o que ensinar – e não deixa de ser comovente ver a foto do batera Rick Allen, sem o braço esquerdo, pulando em meio a seus companheiros de banda no encarte. O disco novo, gravado entre Londres e Estocolmo, traz uma série de pop songs simples e pesadas, como “Now” e “Four letter world”, essa última, a primeira verdadeira guitarrada do disco. “Torn to shreds”, por sua vez, é um hard pop com cara de anos 80, uma das melhores do CD.
No disco, citações a reis do pop como Roxette e Bryan Adams – seguidores do estilo do Def, por sinal – não faltam. A prova disso são músicas como “You re so beautiful” e “Long long way to go”, que trazem referências como essas (e o Aerosmith, grande influência do Def) logo à mente. Como um Roberto Carlos – que faz músicas parecidíssimas e volta e meia vem com um lance totalmente diferente e elaborado, que é invariavelmente ignorado por público e crítica – do hard-rock-pop gringo, o Def Leppard também manda gratas surpresas (ô termo batido…) como “Love don t lie” e a pesada e suingada “Cry”, além dos climas dançantes de “Gravity”. Finalizando, o clima blueseiro de “Scar” (com riffs meio indianos) e a boa balada “Kiss the day”. X é um disco bem recomendável, sim.