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Monokini: Rock alternativo com bossa nova e jeitão surf

Depois de a música eletrônica brasileira ter sugado até a última gota de sangue da bossa nova, chegou a vez do rock alternativo se aproveitar da carcaça. Um verdadeiro alívio para os fãs de João Gilberto que já estavam cansados de tantas BPM e mal esperavam uma nova metamorfose do ritmo.


O autor da proeza é o quinteto paulista Monokini, que acaba de lançar seu primeiro disco Mondo Topless. O disco foi produzido pelo Anvil FX, cientista louco do drumnbass mineiro, que ainda por cima remixou uma faixa-bônus.


É um disco divertidíssimo, com riffs alegres, percussão consistente e um jeitão surf. O grupo consegue uma sonoridade espacial sem apelar para nenhum equipamento eletrônico, de forma quase ingênua. Prova de que, embora muitos heróis indie já tenham se aproveitado da bossa, faltava mesmo era um grupo brasileiro que tocasse a coisa de verdade, tipo banquinho, violão e teclados viajantes.


E olha que o peculiar do Monokini nem é isso, mas sim suas outras influências. Bem antes do XRS Land ter remixado o Calhambeque para o especial de fim de ano do Roberto Carlos, o grupo paulista já desconstruía a jovem guarda. O nome da banda, inclusive, vem de um compacto do Rei.


Mas nem tudo é perfeito. Um dos pecados do disco são os vocais, pouco melódicos, secos. A vocalista precisava ter se soltado mais. Algumas vezes lembra o tom chapado que Rita Lee usou em Algo Mais, aquela chatérrima música que Os Mutantes fizeram para um posto de gasolina. E o grupo abusa tanto dos reverbs que você tem a nítida impressão que são duas pessoas cantando ao mesmo tempo. Esquisitíssimo.


As letras também não são grande coisa, mas quem se importa? O grupo herdou da bossa nova o desprezo pelo palavrório, e faz questão de versos como “tchuby tchuby tchuba, tchuba tchu-tchuba” ou “lá lá lá láa – lá lá lá láa”. O importante é a melodia, sem maiores compromissos.


Por isso, uma coisa é certa. Nesse fim de verão, se você quiser passar longe da ferveção das raves de praia, a pedida é aproveitar o sol morno do Mondo Topless, entre belas garotas e pranchas parafinadas.


Faixas
Tchuby Tchuba
- Todo o vocal dessa música (que se resume ao tatibitati “tchuby tchuba”) é usado como instrumento musical. O resultado é bem divertido. No remix, o riff da música vira um groove de baixo malvadão.


Monossílabas - Outra faixa em que eles abusam cinicamente dos cha-la-lás. A cozinha de Monossílabas é apimentada, o diálogo entre bateria e baixo muito bem construído.


Conexão Tokyo - O Monokini mostra seu lado mais rock nesse instrumental frenético com jeito de Misirlou (hey! e bongôs), que se aproveita de mil e uma maneiras do tema de Missão Impossível e de efeitos sonoros.
 
Garoto de Sampa - Um legítimo “samba de paulista”, cool, cheio de referências à metrópole. Riff e groove super-dançantes.

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