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Melancolia é a tônica do novo disco de Beck

Beck é um cara que nunca passa despercebido. Nem ao lançar um álbum taciturno e monocórdico como Sea Change, seu mais recente trabalho. Ele consegue ousar mesmo quando parece mais interessado em se livrar de ressacas afetivas.
 Desta vez a proeza do multitarefas Beck Hansen foi gravar um disco extremamente melancólico e lírico justamente no momento em que o hype são as bandas que recuperam o deboche e a vibração do rock n roll. Resta saber se o garoto prodígio teve a intenção de nadar contra a maré ou agiu seguindo apenas os próprios impulsos.
 Mas isso é somente um detalhe. Mais importante são as canções contidas na bolacha – adornada por um belo encarte, diga-se de passagem. São 12 músicas difíceis, que não batem de primeira. Todas, inicialmente, soam espartanamente simples, mas depois revelam camadas de timbres e sutis programações eletrônicas.
 Nesse disco o cardápio de Beck é composto basicamente por baladas folk. Só que os arranjos são temperados por ecos, guitarras, efeitos eletrônicos, arranjos de cordas. Tudo discreto, baixinho. “The Golden Age”, balada que abre o disco, resume o espírito de Sea Change. Quem não suportá-la pode dar stop e tirar o disco do cd player.
 Os destaques ficam por conta da intensa “Paper Tiger”, de “Lost Cause” (a menos tristonha, apesar do nome) e de “Little One”. É importante lembrar, contudo, que são músicas que não cativam logo na primeira audição.
 Sea Change é um bom disco. É autêntico, bem produzido e com o selo de qualidade que Beck conquistou ao longo dos anos. Mesmo assim fica a esperança de que o músico se recupere logo da dor de cotovelo e volte à irreverência que o tornou mundialmente famoso.

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