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Luciana Mello lança CD mais pop… e mais repetitivo

O fato de um indivíduo estar cercado por excelentes companhias garante excelência ao trabalho deste? A resposta: não necessariamente. Essa sensação que tive ao escutar Olha Pra Mim, o segundo disco de Luciana Mello.


A mudança de gravadora (Trama para Mercury/Universal) parece não ter refletido muito no resultado do CD, afinal de contas a produção e a maioria das composições ficou por conta do irmão, Jair(zinho) Oliveira, e a rapaziada da antiga gravadora mais simpatizantes compareceram em peso, tanto na execução como nas composições.


Não quero dizer com isso que ele é um disco ruim, não é: as músicas em sua maioria são legais e a produção está no padrão. Todavia está aquém. Atribuo boa parte da culpa a Luciana, que é dona de uma voz deliciosa porém carente de personalidade e espontaneidade, não empolga. Ainda falta maturidade na interpretação.


Outro problema é que, apesar da produção estar coerente com o trabalho, conforme o tempo passa o ouvinte sente algum cansaço já que os arranjos guardam certa semelhança entre si – o CD não evolui, é muito linear. Em geral temos as músicas prá ferver danceteria (com uma bateria eletrônica mais agitada) e as baladinhas prá dançar juntinho (também com drum machines), deveria ser mais orgânico e amplo. Acredito que parte desse posicionamento seja atribuido a uma postura mais pop da cantora – se for isso, pode ser uma alternativa para alcançar maior popularidade.


Olha Pra Mim até começa na pressão: as duas primeiras faixas (“Não Iria Mudar Nada” e “Prazer e Luz”) são bem pra cima e as seguintes (“Quando Você Me Olha” e “A Vida Continua”) são baladas interessantes. Agora, a partir da sexta faixa, a coisa começa a ficar meio repetitiva. Nisso, até as participações especiais (Pedro Mariano e Ed Motta em “Por Amor a Você” e a conhecida “Contrato Com Deus”, respectivamente) perdem a força; não que a gravação esteja ruim – ouvindo separado é legal, mas pegando o CD do início ao fim perde um pouco da graça. Para destacar, “Minha Flor do Cerrado” (talvez a mais “ousada” do disco, composição de Daniel Carlomagno), onde o pop eletrônico funde-se a elementos nordestinos de maneira discreta e com bom gosto.


Por fim: esse CD teria potencial para ser viciante, mas não passa de bom. É superior ao primeiro disco, entretanto creio que Luciana faria melhor se trabalhasse mais na pré-produção dessas mesmas canções.

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