Layo & Bushwacka: House Sutil
Quanta moral você daria para uma dupla (sempre uma dupla) de DJs com nome de desenho animado da Nickelodeon? Nem um troco? Pois pode preparar suas fichas, porque os rapazes em questão são popstars do calibre dos Chemical Brothers ou do Fatboy Slim. Pelo menos na Europa.
Layo Paskin e Mattew Benjamin são pioneiros do tech-house, que eles definem como “o que as menininhas chamam de techno e os bofes de house” – daí uma grande razão pra você nunca ter ouvido falar neles. Afinal, o house teve que esperar um Daft Punk para invadir os top tens americanos, enquanto o big beat sempre teve, no mínimo, o Prodigy. E isso desde metade dos anos noventa: quem não se lembra de quando Smack my bitch up sacudia o carro da playboyzada?
Mas agora que a onda eletrônica já virou maré e as gravadoras de cá apostam mensalmente nos mais variados nomes e estilos, a chegada do primeiro disco da dupla ao país era uma só questão de tempo. Ainda mais sendo um disco tão for export, sujeito a tantos gostos quanto esse Night Works.
Os DJs estão bem ecléticos, mais “quebrados”, como já pôde conferir quem viu sua badalada apresentação no Skol Beats. Por todo o disco predominam timbres limpos, quase acústicos, aditivados essencialmente com reverbs e delays. O som cria um clima aconchegante que serve tanto pra pista quanto pro lounge.
Não existem toneladas de efeitos e loops empilhados. Minimalismo ao extremo: os arranjos simples, marca indelével do bom house, abrem espaço para suites rítmicas sóbrias, nos mais variados tempos e síncopes. Por mais pesadas, as músicas fluem tranquilamente. Da primeira vez que você escuta já se sente em casa com qualquer faixa do disco, e ainda tem aquela sensação de “hum, já ouvi isso antes”.
Essa simplicidade pode decepcionar alguns – afinal, em nenhum momento se escutam riffs de teclado grudentos, samples inusitados ou linhas de baixo geniais. A personalidade do disco se limita às faixas de interlúdio. No mais, ele não tem nada de marcante, é apenas uma coleção de balanços eficientes.
Se bem que, no meio de uma pista de dança, isso já é mais que o bastante.
Faixas
Ladies and Gentlemen – Good evening, ladies and gentlemen. We wanna rock you. Take it down. Essa introdução de um minuto abre o disco com força e peso. Na verdade, ela é uma das coisas mais fortes do disco.
We meet at last – Um teclado tenso é a cortina que separa o interlúdio Sahara dessa música de clima oriental. O que dá o tom é uma lânguida guitarra pentatônica. E quando você pensa que acabou, a faixa ressurge com outro loop tenso.
All night long – Não podia faltar Eletro, a bola da vez. Pelo menos no comecinho dessa faixa, que logo descamba no tech-house, e vai sofrendo várias alterações rítmicas até chegar numa passagem com skats. Uma espécie de set sintético.
Sleepy Language – O timbre mais distorcido (um baixo) do Night works está nesse trip-hop classudo com guitarrinhas wa-wa.
Love Story – O single do álbum foi esse house com loops de teclado contagiante e a sedutora voz de Nina Simone. O nome faz referência ao tradicional club paulista.