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Lançamento: “O Palhaço do Circo sem futuro”

O Cordel do Fogo Encantado é o tipo de banda que tem um público diversificado e fiel. Em seus shows vê-se desde crianças a músicos de hardcore. Banda em ascensão e aprendizado, tem tudo pra dar certo. Em três anos de carreira (contados desde que chegou ao Recife), já ganhou e perdeu integrantes, e está em plenas descobertas sonoras, experimentando instrumemtos e adaptando outros. O primeiro CD da banda, produzido pelo músico Naná Vasconcelos, trouxe nas letras toda a essência das poesias de Cordel dos autores de Arco Verde, intercalada a loas do candomblé de domínio público. Morando em São Paulo há cerca de dois anos, o grupo é um dos maiores sucessos entre o público que curte a música vinda de Pernambuco, tendo recentemente feito uma turnê na Europa. A performance teatral da banda e principalmente do vocalista encanta e é uma característica forte dos músicos. Muitas vezes, fica difícil saber o que é cantado e o que é recitado no CD.


Há poucas semanas o Cordel lançou o seu segundo trabalho, “O Palhaço do Circo sem Futuro”, que saiu pela da Lei de Incentivo a Cultura. Desde o lançamento do primeiro, os fãs tiveram que esperar mais de um ano por esse. No disco, eles apresentam as músicas que já vinham mostrando em shows. Não marca, portanto, uma nova fase da banda, até mesmo por sua juventude. Porém, há uma certa preocupação dos músicos em harmonizar melhor os instrumentos e dar um acabamento melódico melhor a voz do vocalista. O violão recebeu um maior destaque e a percussão procura sempre fazer uma marcação que tenta suprir a necessidade do baixo. Na real, “O Palhaço do Circo sem Futuro” não tem muita coisa nova, com o quarteto seguindo a mesma linha do seu antecessor: poemas, rimas e toques africanos continuam a ser explorados e, com certeza, é inegável a beleza das expressivas interpretações de Lirinha, principal vocal e autor da maioria das letras. Fica notável a influência teatral da origem da banda tanto nos shows como no CD, e também de poetas como Zeto e Arco Verde, entre outros pouquíssimos conhecidos.


O Cordel do Fogo Encantado é formado, em sua maioria, por percussionistas que nasceram em terreiros de candomblé pernambucano, o que se evidencia na música de abertura do CD com a força dos tambores e elús, na canção Anjos Caídos. O vilão de Clayton serve sempre como acompanhamento nas vezes em que as letras são mais cantadas que recitadas, como na faixa 6, de mesmo título que o disco. Também há participações especiais: Chico César empresta seus dons às cordas dos vilões e faz um dueto com Clayton na instrumental “Cavaleiros do Fogo da Origem”; já o pernambucano Ortinho (ex-vocalista da extinta Querosene Jacaré) solta a voz em “Quando o Sono não Chegar”. Há ainda a canção “O espetáculo”, toda recitada e acompanhada por efeitos, que foi composta por trechos de poemas de Manoel Filó e João Patriota. Dessa vez quem assina a produção da bolacha é a própria banda junto com Ricardo Bologmini e Buguinha Dub. O resto, só ouvindo.

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