Jota Quest acerta melodia e escorrega no verbo em novo CD
Discotecagem pop é, variada não. Contundentemente não. O que também não implica em um total devaneio artístico. “Voltar a Ser Feliz”, “Não Somos Iguais” e “Todas as Janelas” são alguns dos destaques, os otimistas, do mais recente trabalho da banda mineira Jota Quest, Discografia Pop Variada.
Encabeçando a lista de treze canções inéditas está “A Gente”, canção que custa expectativas desnecessárias, poupe-se. Melodia singular. Poucas vezes o soul ou o disco americano foi tão bem explorado no contexto popular nacional como nesta, porém a mesma denuncia: lá estão, inertes, as nocivas letras se mantêm. Preciosidades desconexas como “Quero viver outro tanto/ Nunca me senti tão sonoro/ Agora, como sempre, é cedo/ Me sinto tão bem” perpetuam-se por entre as faixas. Lamentável.
Também deplorável é a fictícia “variada”. Acompanhe o encarte ou tudo parecerá uma grande e única canção recheada por poesia de terceira, mas incompreensivelmente belos arranjos. A black music está por toda parte e, se a ordem é dançar, é como “Baba”, baby. Comparações deste tipo não os cabe, conter-me-ei, mas se você é capaz de ignorar o avarento rap de “Na Moral” e se divertir, tire este álbum da prateleira já.
Algumas considerações são viáveis. Moldar novas canções em antigos hits, como é “Para Seguir Em Frente” para “Fácil”, não cola. Alguém precisa ensinar ao Jota Quest como fazer um bom rap, mesmo que este tenha somente alguns segundos. Seria desperdício algum trabalhar melhores letras para tão significantes melodias como as encontradas em Discotecagem Pop Variada. Ah verbo, se te dominasse!…