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João Donato vira parceiro de rapper em Managarroba

   Depois de gravar quatro álbuns ano passado, o músico João Donato lança pela gravadora Deck Disc um CD com participações no mínimo discrepantes: de João Bosco a Marcelo D2.


   Para um leigo em João Donato é bom que se deixe claro: o pai da Bananeira, ao lado de Gilberto Gil, não é cantor, mas instrumentista. Sem maldade, mas às vezes até parece que há um leve sotaque gringo como em Não sei como foi, ao lado do xará Bosco. Dessa forma, nada mais justo que pedir auxílio a amigas como a parceira Joyce em E vamos lá, dedicada aos fãs japoneses. Outra convidada é Marisa Monte, parceira de Arnaldo Antunes em Nunca mais, nunca mais, com arrranjo de Dunga e Sacha Amback. Talvez você nunca mais queira ouví-la de novo.


   Mas até com a voz um tanto escorregadia e letras fraquinhas, é surpreendente o seu uau na canção título do CD: Managarroba é rock com uma guitarra potente, advinha se não de Davi Moraes, que também participa em outras três faixas. E mais alguns toques eletrônicos perdidos em alguma faixa (!). Mas a grande novidade de fato é a parceria com o rapper Marcelo D2 em Balança e seu ritmo caliente (do samba ao maxixe tem coisa que não existe… o couro começa a comer quando chega o laiá laiá).


   Sem dúvida, Donato é um pianista de mão cheia e vem mostrando isso ao longo de uma carreira que teve sua estréia com a gravação da música Brejeiro, do mestre Ernesto Nazareth, em 1949, num vinil de 78 rpm do flautista Altamiro Carrilho.


   Depois de vários 78 rpm, 33 rpm, o mais novo trabalho em laser traz aquele swing já conhecido, como Luz de Bolero que mistura as time goes by, besame mucho e noite de natal!, dor de cotovelo em Falta de ar (“falta azul no meu céu/e um pedaço de mar/falta o doce do mel/sofro com falta de ar”) e talvez até uma leve homenagem a Roberto Carlos (“daqui pra frente vai ser tudo diferente”) em Caminho do Sol. Mais um bolero aqui, um sambinha acolá e sempre uma sonoridade sem igual, marca registrada J D. A propósito ”managarroba” não quer dizer coisa nenhuma. Palavras do próprio autor.

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