HammerFall faz metal melódico sem perder um grama de peso
Primeiro eu preciso confessar que não ouvia metal melódico desde 99. Naquela época eu conheci o thrash, troquei figurinhas com o industrial, e de repente despenquei no mundo da eletrônica sem nem perceber. Mas, na fé, não me senti nada deslocado ao ouvir esse Crimson Thunder, quarto disco da banda sueca HammerFall. Parece que recuperei o bonde no mesmo lugar onde eu havia descido – ou seja: parado ali, na estação, desde os anos 70.
Os temas da banda são meus (nossos!) velhos conhecidos: anjos/demônios, magia, guerreiros, dragões, fantasia medieval. Saca o Manowar? Mesma coisa, mas sem as tanguinhas do he-man, e com uma guitarra mais criativa.
A capa do disco é bem bonita, um desenho estilo Image comics de um duelo entre dois grandalhões de armadura. O visual interno é que deixa um pouco a desejar: abusaram dos filtros e texturas mais batidos do photoshop, e obrigaram todos os integrantes da banda a fazer pose com um martelo gigante esquisitíssimo. Coitados.
Os caras mereciam um pouco mais de respeito. Afinal, o HammerFall é uma das bandas que mantêm o power metal vivo – vivo de verdade. Seu disco anterior, Renegades (2000), produzido por Michael Wagener (Metallica, Ozzy), virou fenômeno pop em sua Suécia natal, ficando na frente de Madonna e Eminem nas paradas de sucesso. E, presta atenção, isso na terra do Stratovarius!
Dessa vez eles resolveram repetir o feito e chamaram outro bam-bam-bam da produção, Charlie Bauerfeind (Blind Guardian, Helloween). A grande diferença é que Charlie tem muito mais a ver com o som dos caras, e conseguiu manter o disco melódico sem perder uma grama de peso. Assim, como uma cantora de ópera viking.
O truque foi compensar na velocidade: as músicas são ligeiramente mais lentas que o normal, com uns coros sóbrios, refrões heróicos. Menos headbang e mais drama. A bem da verdade, as letras são dramáticas demais.
Mas nada que vá incomodar aos fãs do gênero. Os solos destruidores estão todos lá, combustível flamejante para os headfones. Um prato cheio para fugir dos pestilentos “hits do verão”.
Detalhe importante: o Brasil é o único país a ter um fãclube oficialmente reconhecido dos caras. É por essas e outras que o Brasil é metal pra caramba. lml na cabeça
Faixas
On the edge of honour - Oldschool! Veloz, veloz como nos velhos tempos, sem papas na língua nem introduções enroladas. Minha preferida.
Lore of the Arcane - Servindo de introdução para Trailblazers, a música seguinte, essa pequena peça instrumental de piano e coro ganha no quesito “surpresa inusitada”.
Dreams come true - Como os brutos também amam, aqui está a onipresente baladinha metálica. Atenção para o solo de “bandolim”, totalmente medieval.
Rising Force - Bônus track escrita pelo Yngwie Malmsteen. Ou seja: pode esperar aqueles solos. Não entendo como esses guitarristas nunca pegam LER.