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Flávio C: mais uma banda do BRock, sem novidades a mostrar

A banda paraibana Flávio C (nome em “homenagem” a Flávio Cavalcanti) é um típico caso de banda que deve ter tido um sucesso no underground local e que virou uma aposta, por enquanto nem tão bem sucedida, de uma grande gravadora. Nesse caso, a Abril Music.


“Seguindo a Rede Elétrica”, infelizmente, não é um bom CD de estréia. Ao ouvir as primeiras faixas, o que me vem à cabeça é uma estranha similaridade com a banda carioca B5. Aquela mesmo de “Matemática” e de outras pérolas do rock infantil lançados nesse ano. Essa lembrança aparece devido à mistura do rock meio pesado com letras juvenis ruins. Mas eles não são o B5 (que bom!). O instrumental é melhor e mais pesado.


Por ser uma banda nordestina, alguns poderiam pensar que eles fazem aquela mistura de rock com elementos regionais já cansada e batida. E isso não acontece. A referência explícita é o pop rock nacional dos anos oitenta.


“Seguindo a Rede Elétrica” começa com “E Se For Só?”, cujo primeiros riffs das guitarras e baixo lembram Charlie Brown Jr. Mas ao ouvir a voz do vocalista Fabbio Q, percebe-se que o que a banda quer fazer é pop rock  (e a banda deixa isso bem claro no release de Pedro Só). A faixa tem um alto potencial radiofônico.


Seguindo o disco, “Estamos em Casa” é pesada no seu início e refrão. Mas é balada, e não é das melhores. A terceira faixa “Enquanto Andava” é um pop mais lento, chato, cuja letra (ruim) remete à Blitz e ao Ira!.


Já de cara a bateria da faixa “Tente Me Alcançar” remete à banda Plebe Rude. Explica-se, então, a participação especial do guitarrista da Plebe Philippe Seabra. Uma das poucas músicas boas do CD.


“Enquanto os Garotos Jogam Bola” parece ter sido a maior influência para  o B5, que deve até fazer cover dessa música por aí. As guitarras da “Rede  Elétrica” lembram o rock rapidinho do Ultraje a Rigor. “Meame Bitch” é um forte deboche contra as loiras fabricadas e oxigenadas. Divertida.


O disco é produzido por Rick Bonadio, que já produziu Charlie Brown Jr., Mamonas Assassinas e CPM22. O instrumental é rock, mas o que prejudica o álbum, quase por completo, são as letras com assuntos batidos e ruins e a voz de pouca qualidade do vocalista. O exagerado release de Pedro Só faz uma comparação do som da banda com o Weezer. Chega até a afirmar que a banda “já deixa para o futuro músicas que merecem permanecer no cancioneiro pop nacional e ser regravadas por outros intérpretes”. Nada disso é verdade. O som não chega a ser maravilhoso assim. Flávio C não é nada mais do que mais uma banda de rock nacional, sem nada de novo para mostrar. Espero que o segundo disco seja melhor.

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