Disco tem lounge para todos os gostos

A França marca presença na cena eletrônica mundial por conta de seu house estiloso – quem não conhece Daft Punk? A partir daí, você encontra dois extremos: o hip-hop cru do gueto parisiense, ou uma lounge music mais estilosa ainda.

Os produtores do Gare du Nord são representantes tarimbados desse terceiro (e menos badalado) estilo. A parceria entre François Inca e Dinant Lance, surgida em 97, foi encarregada de preparar a trilha para um evento no inverno de 2000. Das quinze músicas compostas então, nove estão nesse primeiro álbum da dupla, (in search of) Excellounge.

Compostas? Pois é, nada de sequenciar samples aleatoriamente até conseguir um resultado satisfatório. Eles cuidadosamente prepararam cada música, segundo influências de estilos eminentemente acústicos: jazz, blues, salsa.

Filho bastardo da música “clássica” francesa (La vie en rose e afins), o lounge da dulpa não precisa de muita inovação para criar aquela ambiance cool e sedutora. Eles optam por timbres acústicos, nada de sintetizadores complicados. Guitarrinhas com delay, meio Dire Straits, meio jazz de churrascaria. Vocais graves declamados, estilo Je t’aime (moi non plus).

Mas com certeza não é aquilo que a sua avó ouvia, nos tempos da gafieira. As músicas são repletas de metais bem colocados, percussão indiana e groove house. As batidas estão lá, onipresentes, transformando cada faixa num convite pra pista. Sim, elas querem tirar você para uma dança, pagar um whiskey, um jantar, e quem sabe depois?

Faixas

1. How was it for you – O disco abre em ritmo de salsa e violão flamenco, para – pasme – dançar coladinho. Por isso deixe de preconceitos, pegue um parceiro e mostre que ainda é capaz de guiar a contravalsa.

4. Pablo’s Blues – A ecleticidade do lounge encontra seu extremo. Isso aqui é, sem tirar nem pôr, um mississipi blues clássico com batida downtempo. Classe.

5. Excellounge bar – Percussão indiana, guitarrinhas cool e viajantes. Uma bela escolha para faixa-tema.

6. Disco-Tèk – Quem disse que lounge não é pra agitar? Disco-Tèk é puro house-disco-dance com vocoder Gigi diAgostino e até gemidos (!!!). No mínimo engraçada.

9. Poem Rouge – Não é bem música, mas sim um poema declamado em inglês, francês e chinês. Vozes macias sobre uma ambiência aconchegante.