Disco bebe da fonte do rock, mas ainda soa contemporâneo

Definitivamente o Rock’n’Roll ainda não morreu, pelo menos é o que nos mostra “Plastic Fang”, o oitavo disco do The John Spencer Blues Explosion.
 
Apesar da banda se denominar Blues Explosion, como diria o nosso colega de site Marcos Sacramento, o trabalho é bem mais explosion e menos blues. John Spencer nunca soou tão rock’n’roll: guitarras quentes e totalmente vintages, baixos pulsantes cheios de overdrive, bateria com muita pegada e o vocal cheio de atitude de John.

Talvez o que mais evidencia o lado blues é a timbragem e construção das partes de guitarra, que apesar de soarem totalmente roqueiros dentro do todo, tem suas referências no blues tradicional e R&B, que por sua vez antecedeu ao rock cinquentista e sessentista americano – quer dizer, os caras beberam da fonte pra fazer esse disco, e ainda conseguem soar contemporâneos. “Down To The Beast”, “Shakin’ Rock’N’Roll Tonight” e “Money Rock’n’Roll” deixam isso bem claro.
 
Um esclarecimento: quem conhece os outros trabalhos do TJSBE, ou mesmo os LPs da época do grupo de rock alternativo Pussy Galore, vai notar que o som dos caras está muito mais coeso – já que na maioria dos discos anteriores a estética era muito mais iconoclasta: não se preocupem. O próprio nome do disco (caninos de plástico, portanto falsos) mostra que eles não tem a pretensão de parecer originais, usando e brincando com clichês do rock, para chegarem num resultado que paradoxalmente soa original dentro do rock que é feito hoje.

Por exemplo, a faixa de abertura (“Sweet N Sour”): depois de uma introdução onde o ouvinte é pego pelo colarinho, a música é uma cópia de riffs e solos – pense na escala mais manjada de rock’n roll clássico, é essa mesma que eles usam. Ou então “Mean Heart”, onde a inspiração clara vem dos Rolling Stones. A soma dessa mistura com o lado nervoso da banda de John é ótima, sem ser repetitiva.
 
No mais, Plastic Fang é uma bela surpresa; compra garantida, isenta de arrependimento!