Crítica: O Rap hedonista de Ja Rule
Jeffrey Atkins, mais conhecido pela alcunha de Ja Rule, convoca uma turma de medalhões no seu último disco, “The Last Temptation”, tentado a alcançar o primeiro escalão do rap americano. O disco conta com a participação de Bobby Brown, Ashanti e Tupac Shakur (não é milagre, é tecnologia) e contém samples, devidamente creditados, de Stevie Wonder, Lenny Kravitz e do Toto (quem se lembra?).
A arte da capa de “The Last Temptation”, com o rapper posando de costas numa atitude contemplativa, remete a um trabalho introspectivo, melancólico talvez. Tais atmosferas ficam apenas no encarte, porque o disco apresenta um clima completamente animado, debochado, hedonista. Serve até para animar festa, com a exceção de algumas poucas faixas.
“Thug Lovin”, que abre o disco, é só alegria, com samples nada sutis de Stevie Wonder e interferências vocais de Bobby Brown. Na seqüência vem “Mesmerize”, uma combinação caliente da voz suave de Ashanti com a aspereza vocal de Ja Rule. A essa altura o rótulo de Gangsta Rap não faz muito sentido. Só faz sentido, aliás, em duas músicas. “Pop N****s” tem uma batida de andamento torto e inserções de teclado repetitivas sustentando toda a carga verborrágica. “The Warning”, por sua vez, é um pouco aborrecida, mas cativa aos poucos, graças ao refrão repetido como um mantra.
Destaques para as faixas “Murder Reigns”, com sample da banda pop-oitentista Toto, “Last Temptation” e “Rock Star”, que trás sample de “I Belong To You”, de Lenny Kravitz.