Crítica: “Mclusky do Dallas” é um “discaço” de rock n roll
Chegou às lojas do mundo (Brasil incluído, graças a Sum Records) há pouco mais de três meses, sem nenhum grande alarde por parte da imprensa-musical-sempre-em-busca-da-próxima-grande-coisa, um discaço de rock n roll, desses (como “Nevermind”, do Nirvana) com potencial para fazer o mundo girar mais rápido. O nome do bendito? “Mclusky do Dallas”, do trio Mclusky, do País de Gales. Segundo trabalho do trio Andy Falkous (vocal e guitarra), Jon Chapple (baixo) e Matt Hardng (bateria), o álbum é, para os que já ouviram, candidato a melhor do ano.
A primeira impressão acerca do Mclusky é de que trata-se de uma banda country. Afinal, não dá pra deixar de associar a palavra Dallas, do título do disco, ao tal estilo. Mas às primeiras batidas no prato, que logo ganham a companhia de acordes de guitarra na explosiva “Lightsabre Cocksucking Blues”, percebe-se (com um sorriso de satisfação no rosto) que os caras não tem nada a ver com a turma dos chapéus e botas de couro.
Daí em diante, nas treze faixas restantes do disco, vai-se percebendo no estilo do Mclusky um pouquinho de cada uma das melhores coisas que surgiram no mundo do rock ultimamente. No geral, não dá pra deixar de pensar em Pixies e Nirvana (o produtor do álbum, aliás, trabalhou com essas duas bandas), mas há também, em algumas faixas, o low-fi (e as letras irônicas) ao estilo Pavement e o punk/hardcore do Fugazzi.
Apesar de não chegar a ser tão “retrô”, o Mclusky pode ser colocado, com esse álbum, junto aos “hypados” Strokes, White Stripes, The Hives e The Vines, bandas que andam protagonizando a volta da simplicidade ao rock: suas músicas raramente passam dos três minutos e tem uma energia puramente garageira. O próprio encarte é uma metáfora disso: traz as letras ordenadas sem frescura e apenas três fotos, cada uma focando em um dos instrumentos básicos (guitarra, baixo e bateria). Simplesmente rock n roll!
Como um todo, o disco é excelente. Mas não dá pra deixar de destacar algumas faixas. Além da já citada “Lightsabre Cocksucking Blues”, temos as também enérgicas “Day of the deadringers”, “Dethink to survive”, “The world love us and is our bitch” e “Whoyouknow”, as cadenciadas “Alan is a cowboy killer” e “Fuck this band” (onde os versos “Fuck this band / cos they swear too much / it ‘s an obvious ploy” são uma espécie de auto-crítica – quase todas as letras de “Mclusky do Dallas” trazem a palavra fuck), e a garageira com guitarrinha meio blues “Collagen Rock”. É clichê, mas não dá pra deixar de encerrar com essa recomendação: compre, peça emprestado ou roube esse disco… e ouça no volume máximo!