Crítica: Max de Castro volta com disco pretensioso
Após 2 anos e alguma ansiedade dos fãs e admiradores conquistados por conta do álbum de estréia (Samba Raro), Max de Castro está de volta com o pretensioso “Orchestra Klaxon”; pretensioso porque “sem querer querendo” comparou-se aos modernistas, responsáveis pela célebre Semana de 22. Só pra complementar, Klaxon era a revista criada para a difusão da ideologia de Mário e Oswald de Andrade e cia.
A despeito disso, “Orchestra Klaxon” é muito bom, conseguindo ser superior ao “Samba Raro”. É superior porque Max está mais maduro. Porque a busca por timbres acústicos deixou o trabalho muito orgânico – apesar de continuar usando recursos da música eletrônica. Porque não foi egoísta (tocando todos os instrumentos como da vez passada) e convidou diversos músicos para formar a “Orchestra”. Porque propôs parcerias em sua maioria bem interessantes, e porque mostrou que respeita a história da MPB (principalmente o samba e suas vertentes), se respaldando nela para dar acabamento ao seu trabalho. A produção do CD está quase impecável, contudo algumas letras estão um pouco aquém das idéias – essa é a principal crítica.
Um prelúdio instrumental que remete à orquestras de rádio cariocas da década de 60 introduz o samba “A História da Morena Nua Que Abalou as Estruturas do Esplendor do Carnaval”, surpreendente parceria de Max e Erasmo Carlos; segue com “A Vida Como Ela Quer” (onde funk, samba e samba-funk coexistem em harmonia) e Mais uma Vez Um Amor (um drum’n bass diferente e cheio de calor, graças a metaleira). Na minha modesta opinião, essas quatro mais a dançante “Sonho de Verão” (Max e Nelson Motta) são as melhores do CD. “Sonho de verão” ainda tem uma parte 2 instrumental, “Acapulco, Daqui a Pouco”.
Max e Paula Lima acompanhados por veteranos da MPB do naipe de J.T.Meirelles, Wilson das Neves e Maestro Sérgio Carvalho abrilhantaram “O Nego do Cabelo Bom”, um bom samba tradicional – pena que o coro da letra não estava à altura do todo; da mesma forma o samba-funk “Mancha Roxa” merecia um acabamento melhor na letra de temática social, ainda assim é ótima. Com nítida influência de Jorge Ben, “Os Óculos Escuros de Cartola” tem a letra assinada pelo Marcelo Yuka (do Rappa), muito boa. Fechando o CD, “Linha do Tempo”, com o seu acento latino, e a melancólica “Calaram a Voz do Nosso Amor”.
Faltou pouco (muito pouco!) para “Orchestra Klaxon” levar a nota máxima, mas por tudo que apresentou Max está no caminho certo. Satisfação garantida para o ouvinte!