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Crítica: Estilo de Chris Cornell prevalece no Audioslave

Chris Cornell deve ser dono de um acentuado senso de liderança. Depois de encabeçar um dos ícones da cena de Seattle, o Soundgarden, e de se lançar em um elogiado trabalho solo, o músico resolveu se juntar aos integrantes do Rage Against The Machine – que buscavam novo rumo após a saída do vocalista Zack De La Rocha – no projeto Audioslave. É aí que Cornell se revela um legítimo band-leader, frustrando as expectativas dos que pensavam que ele apenas emprestaria sua voz a Tom Morello, Tim Commerford e Brad Wilk.

O Audioslave tem a marca registrada de Cornell. O cantor, que assinou todas as 14 letras do álbum, parece bem à vontade à frente da nova banda. Não que o Audioslave seja uma cópia do Soundgarden, não é bem isso. Mas agrada mais aos fãs dessa banda que aos admiradores do RATM. 

Vários elementos do RATM podem ser conferidos no Audioslave: a bateria firme e cadenciada, o baixo marcante e preciso e os devaneios guitarrísticos de Morello. Só que o toque final, a cara da música, isso tem a assinatura de Cornell.


As três faixas que abrem o disco comprovam as palavras acima, além de serem as melhores do álbum. “Cochise” tem umas frescurinhas nos 40 segundos iniciais, mas depois se transforma, com um riff poderoso bem ao estilo do Led Zeppelin. Na seqüência vêm “Show Me How To Live” e “Gasoline”. A primeira tem um groove discreto e os efeitos característicos do guitarrista Tom Morello, enquanto a outra traz um riff inspirado, que gruda na cabeça e convida ao mosh. Sem dúvida é a melhor faixa.


O único problema é que o gás da banda diminui a partir da quarta música. Daí em diante o álbum fica meio burocrático, perde força. Só recupera a pegada em “Hipnotize”, momento mais RATM do Audioslave. Arrisco dizer que um remix de “Hipnotize” faria muito sucesso nas pistas de dança. A faixa seguinte é arrastada, meio Black Sabbath e cairia bem em um álbum do Soundgarden. Fecham o disco as baladas – se é que podem ser chamadas assim, tamanha a potência vocal de Cornell – “Getaway Car” e “The Last Remaining Light”. Enfadonhas. Desnecessárias. Melhor voltar para os três petardos que abrem a bolacha.

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