Crítica: Concrete Blonde renega o passado em disco inédito
Gravado em apenas 10 dias no verão de 2001, “Group Therapy” marca o retorno do Concrete Blonde após um hiato de sete anos.
Cria da ressaca punk americana, a banda surgiu em 1982 mas só gravou o primeiro disco, “Concrete Blonde”, cinco anos mais tarde. Na sequência vieram “Free” (1989), “Bloodletting” (1990), “Walking in London” (1992) e “Mexican Moon” (1993).
Em 1994 o Concrete Blonde se separa. A vocalista e líder Johnette Napolitano dedica – se, então, a vários projetos, muitos dos quais ligados à música latina, vertente que ela já havia explorado no álbum “Mexican Moon”.
Group Therapy, como o nome sugere, parece ter surgido para dar vazão a sentimentos e curar possíveis feridas que o período de inatividade não foi capaz de extinguir. Soa como uma tentativa de negar o passado, um recomeço. A ausência de canções como o hit “Joey”, do álbum “Bloodletting”, reforçam essa hipótese.
É um disco triste, mas sem a aura fake que permeia a obra de certas bandas da atualidade. Não é uma tristeza derrotista. Ela é agressiva, potente. As faixas “Violent”, “Valentine” e “Fried” têm pegada, refrôes ganchudos e devem funcionar bem nas apresentações ao vivo. O mesmo caminho é trilhado por “When i was a fool”, que começa devagar para depois explodir em um final arrebatador.
Mas o melhor momento fica por conta da angustiada “True, Part III”, dona de um riff de guitarra cinematográfico. Uma música que paga o disco e faz a volta do Concrete Blonde ser bem-vinda.