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Criatividade e Sofisticação marcam o primeiro CD da B.S.C.

Curiosa essa cena musical brasileira. Enquanto gravadoras anunciam encerramento das suas atividades e a pirataria invade os centros urbanos, muita gente ainda aposta no mercado fonográfico, surgindo bandas e selos dispostos a entrar na briga (graças a Deus). E Pernambuco não perde a pose, está sorrindo à toa. Seus filhos musicais estão procriando feito loucos. É a genialidade nordestina mais uma vez na fita. De Olinda, o Grêmio Recreativo Bonsucesso Samba Club, ou apenas Bonsucesso, acaba de lançar o seu primeiro trabalho.


Criada há cerca de três anos, pelo antigo baixista da Eddie (que também lançou CD recentemente), Roger man, hoje faz os vocais da B.S.C. A banda do cidadão ainda conta com mais quatro integrantes, Berna Vieira (percussão), André Édipo (guitarra), Chico Tchê (baixo) e Hugo Carranca (bateria). Um time de músicos de primeira que fizeram do som do quinteto uma mistura inclassificável. Elogios à parte, a recente produção saiu pelo selo Instituto em parceria com a gravadora Y Brasil. Esse enlace rendeu bons frutos e o selo vem sendo reconhecido no mercado fonográfico tanto pelo seu desempenho nas boas produções como na escolha do seleto time de bandas – O Instituto foi responsável pelo lançamento da trilha sonora de O Invasor, o primeiro CD do Cidadão Instigado e a coletânea Coleção Nacional-, já as paqueras entre o selo e a B.S., começaram desde 2001.


O Bonucesso tem nas mãos um CD super refinado, os músicos saem do convencionalismo e principalmente do estigma de que banda de Pernambuco pra fazer sucesso precisa beber na fonte dos tambores. Criatividade à prova, os meninos mixam programações e samples a baladas de rock, reggae, baião, incidentais, hip hop, mas, samba, ritmo que nomeia o Bonsucesso, mesmo, só na base de Se Ela Diz e no título de O samba Chegou – um dos hits da banda, aquela que quando toca no show todo mundo canta. O barato de ouvir o CD é a infinidade de possibilidades que o som te proporciona, tudo feito de maneira sutil e elegante, é pura diversidade, se encaixa em qualquer situação: dá pra ouvir em casa, no carro, numa balada e até enquanto toma banho.


As letras do disco foram todas compostas pelo próprio Roger man, algumas soam como  viagem mesmo, outras tentam passar mensagens, como em Quando o tempo passa ou em Distrair. Sala da Justiça rende homenagens ao bloco carnavalesco de Olinda Enquanto Isso na Sala da Justiça. Foi na esquina tem um diálogo meio louco de Otto com algumas crianças, Carimbó Ladrão é uma das mais convidativas, uma forma diferente de ouvir o carimbó, enquanto Sangue na Maré tem aquela tendência da música eletrônica com vozes femininas – essa também pode ser ouvida na coletânea do Abril pro Rock 2001, ano em que a banda participou do festival.  O trabalho do Grêmio Recreativo Bonsucesso Samba Club, deixa claro o talento da nova safra de bandas brasileiras. A sorte está lançada, e essa é chance da banda se dar bem. Sucesso pra essa juventude corajosa. 

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