Coletânea destrincha carreira de Tricky

  Um dos pioneiros do trip-hop, vertente da música eletrônica que mistura batidas de rap, texturas psicodélicas e climas soturnos, o produtor e compositor Trick é considerado umas das figuras  mais criativas da cena musical britânica nos anos 90.
 O reconhecimento deve-se à sua participação, ainda no início da década, no seminal grupo Massive Attack e às parcerias com diversos artistas e bandas, como Björk, Yoko Ono, Bush e Garbage.
 As músicas mais representativas da carreira desse inglês de 38 anos, nascido sob a alcunha de Adrian Thaws, estão na coletânea A Ruff Guide. São 17 faixas, que abrangem os álbuns Maxinquaye (1995), Nearly God (1996), Pre-Millennium Tension, Angels With Dirty Faces e Juxtapose (1999).
 O disco funciona como um verdadeiro guia para aqueles que pretendem conhecer o trip-hop, comprovando a genialidade de Tricky e o papel que ele representa para o estilo.
 Mas não espere apenas batidas cadenciadas e melancolia ao longo dos 66 minutos de audição. A maioria das músicas segue essa linha, é verdade. “Aftermath”, “Poems”, “I Be The Prophet” e “Makes Me Wanna Die” justificam o paralelo que alguns críticos estabelecem entre o trip-hop e o cool jazz.
 Tricky, no entanto, não se limita à vertente musical que ajudou a difundir. Ao longo da carreira ele passeou por diversos horizontes, que são revelados em A Ruff Guide. Assim, há influências de Velvet Underground em “For Real”, guitarras pesadas em “Black Steel” e rudimentos de música latina na faixa “Ponderosa”. O clímax desse turbilhão de referências acontece na grandiosa “Broken Homes”, faixa um tanto gótica que funde voz de PJ Harvey a um afinado coral gospel.
 É importante lembrar que o compositor/produtor deve um percentual considerável do seu sucesso à cantora Martina Topley-Bird, com quem trabalha desde 1993. Ela comparece na maioria das músicas da coletânea, imprimindo com sua voz sentimentos que vão da ira à completa indiferença.