Coletânea de Deborah Blando vale a primeira faixa
Lançado pela major Universal, o novo Cd da cantora Deborah Blando pode ser coerentemente classificado como revival bem produzido da categoria “tentativa frustrada”, ou ainda utilizado para testes em teses sobre o resultado do trabalho desenvolvido por artistas completamente sem talento, os quais as gravadoras insistem em inserir, por vias “globais”, no cotidiano do “consumidor”, subentende-se, público.
A coletânia, resumo das “grandes obras” da bela loura ao longo da longa, e nem tão bem sucedida carreira, traz letras do teor da dançante “Boy” que foi, por motivos óbvios, jogada no completo ostracismo pouquíssimo tempo após o lançamento.
A impressão inicial do disco é relativamente positiva, uma vez que a faixa de abertura, homônima ao CD, é uma bela versão da canção de Eduardo Falcão para “Cuciolli”, sucesso do italiano Marco Masini, que Deborah já havia gravado em “Salavatrice”, seu trabalho anterior. Apesar do timbre forçadamente afinado e demasiadamente alto, a canção é salva por cumprir a proposta romântica.
A faixa seguinte, “Me leva”, combina letra pop romântica-água-com-açucar, ritmo desinteressante e afinação cem por cento Deborah Blando, ou seja, nenhuma. “Astronauta de Mármore”, imortalizada no país pela versão rock dos gaúchos do Nenhum de Nós, deixa muito a dever ao trabalho dos roqueiros, mas continua audível.
O sucesso “Unicamente” não sofreu grande modificação e continua a remeter o ouvinte a rimas do grau de criatividade de: “Raiou o sol / Olha o mar que Alegria/Sentir você é viver em harmonia”. Já o hit “Decadence avec Elegance”, de Lobão, e “Inocence”, composição original de Eddie Holland e Norman Whitefield, dois grandes nomes da música negra, mantém suas versões originais, sendo que a segunda é um misto um tanto o quanto esquisito, do original em inglês com a versão em português. Nas outras faixas, prevalece o estilo romântico descartável elitizado, marcado, inclusive, pelo sotaque Nova Iorquino da cantora.
Em linhas gerais o cd é um denso revival que, após desgastar aqueles que conseguirem escutá-lo por completo, mostra as razões pelas quais Deborah Blando nunca foi recorde de vendas em nenhum de seus muitos estilos e gravadoras.