CD da banda Moebius mostra heavy moderno sem ser nu-metal
As seis faixas do CD Primeira Impressão, segundo o encarte, estarão no primeiro CD do Moebius, Passando o som, a ser lançado ainda esse ano. A impressão que fica do som da banda carioca não poderia ser melhor. O Moebius tirou seu nome de um dos mais cultuados quadrinistas do mundo (autor de histórias como Rock City, que a gente ficou conhecendo no Brasil pela saudosa revista Circo, na década de 80, e por outros lançamentos undergrounds) e mostra em seu disco um heavy metal nada tradicional, influenciado (aparentemente) por sons psicodélicos e pelas bandas pré-nu metal e pré-stoner rock dos anos 90 – entram na receita o Metallica da fase Black Album, Soundgarden, Helmet, Tool, Faith No More, Rage Against e outros.
Os arranjos são ricos e nada óbvios, baseados em riffs de guitarra quase indianistas, lembrando às vezes uma cítara – a filiação psicodélica da banda fica clara quando se vê que uma das faixas alude a “Set the controls for the heart of the sun”, clássico lisérgico da primeira fase do Pink Floyd. As músicas tem um clima soturno, com um toque étnico dado pela presença de um percussionista (grande diferencial no som da banda, aliás). De modo geral, o som é bem resolvido e amadurecido, inclusive as letras, grande calcanhar de Aquiles de nove entre dez bandas. Só para se ter uma idéia, o grupo conseguiu botar peso (e muito) até mesmo em um poeminha de Cecília Meirelles (“Ou isto ou aquilo”, a tal da faixa com trechos do Pink Floyd).
Em “Juro”, a banda consegue abrasileirar um pouco seu som, graças a um vocal suingado e à percussão, quase lembrando uma capoeira-metal – destaque para o berro distorcido que aparece lá pela metade da música. “Enlouquecendo”, uma canção de amor às avessas (“distância é tudo o que eu quero de você/confusão é não saber o que fazer”) praticamente transforma todos os instrumentos da banda em percussão, lançando mão de um arranjo que lembra muito o Sepultura de Chaos AD. Fechando o CD, a boa “Talvez” e uma inusitada e pesadíssima versão de “Ando meio desligado”, dos Mutantes – talvez a melhor cover que o clássico do trio paulista já recebeu, na boa. Conheça o Moebius no e-mail moebiusbr@bol.com.br (o site da banda é o www.moebius.kit.net).