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BRMC: massa rock cheia de ruídos e guitarras apitando

É proibido dirigir moto com walkman no ouvido? Tudo bem, mas dar um rolé de moto com o disco do Black Rebel Motorcycle Club no talo deve ser uma maravilha. Os caras já merecem destaque por terem conseguido até mesmo autonomia da gravadora Virgin Records – o primeiro disco da banda é produzido por eles mesmos. O grupo, que veio de São Francisco (EUA), soa como se a filosofia Hells Angels nascesse de novo no século XXI.


Antes de mais nada, um aviso: não espere nada de muito novo no front do BRMC. Os caras parecem ter uma obsessão com o rock inglês oitentista e adicionam a ele generosas pitadas de americanismo. A primeira banda que vem à mente quando se escuta “Love burns”, a faixa de abertura, é a banda-símbolo Jesus & Mary Chain – os vocais são idênticos aos dos irmãos Reid. O som parece um encontro entre o J&MC curto e grosso de Psychocandy (1985) com Stones, Bob Dylan, Velvet Underground, Nirvana e outros. Longe da fashionzice dos Strokes, o lance dos caras é mexer com climas meio born-to-be-wild, como comprova a faixa “Red eyes and tears”. O grupo expõe tudo o que havia de mais selvagem (por sinal, o nome do BRMC foi tirado do filme O Selvagem, estrelado por Marlon Brando) no som de bandas como o Jesus, Joy Division, My Bloody Valentine, Echo & The Bunnymen e New Order.


O som do grupo é uma massa rock cheia de ruídos, guitarras apitando, baixos distorcidos – mas com senso musical digno de nomes como Depeche Mode, Duran Duran e New Order (comprovado na música “As sure as the sun”). Um lado mais baladeiro aparece em faixas como a bela “Head up high” e rola até um gospel pervertido em “Salvation”. “White palms”, por sua vez, tem uma cozinha maravilhosa – é um rock suingado em que ate os vocais se tornam percussivos, muito embora a música se torne uma baladinha de violão bela e triste no final. Em “Awake”, até a introdução já lembra de cara o J&MC de discos como Darklands e Honeys Dead – sendo que a bateria soa como se Maureen Tucker (do Velvet) aparecesse por lá para dar um alô e acabasse tocando com os caras.


Agora, diversão mesmo você encontra na punk-chuckberryana “Whatever happened to my rock n roll (Punk song)”, uma daquelas músicas em que até o título já encanta de cara. E atenção para “Spread your love”, blues puro, com direito a solos de guitarra jimmypageanos e a um baixo blueseiro distorcido irresistível. Compre correndo.

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