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B5: versão adolescente (e piorada) do RPM 2002

Ao ver a capa do disco homônimo da banda B5, a mais nova aposta da Sony no quesito coisas-que-não-deveriam-existir (e tem tanto grupo melhor no Brasil que merece um contrato), imaginei que os pré-adolescentes fizessem um som altamente roqueiro ou punk. Os integrantes posam para as fotos com cara de maus, ou seja, verdadeiros rock-stars. Vale ressaltar até o cabelo punk do baterista.


Ainda sem colocar o CD para tocar, resolvi folhear o encarte do disco. Todo mundo continua com a cara de infelicidade, como se estivessem perguntando ao ouvinte o que achou do som da banda. E caso a resposta fosse negativa, iriam te chamar para a briga. E uma pergunta ao guitarrista Luis Felipe. O que significa a sua calça jeans rasgada com os escritos do Sex Pistols e do anarquismo? Onde está toda essa revolta punk no som e no comportamento do B5? Cada uma que me aparece.


Formado em 2000 na cidade de Petrópolis-RJ, o B5 se apresenta com Bê na bateria, Edu nos teclados e no vocal, Léo no baixo e vocal, Lucas na percussão e Luis Felipe na guitarra. A idade dos meninos está entre 13 e 15 anos, o que pode fazer um sucessinho com as menininhas de 11, 12 anos.


A maioria das músicas são assinada por Milton Guedes, o produtor Paul Ralphes e até pelo famosíssimo Sérgio Dias. As letras mais lembram os temas bregas da turma da Vanessa Camargo e do KLB do que o rock proposto pela banda, vendida pela gravadora como “a primeira bad boy band do Brasil”. O disco já começa hilariante. “Matemática” é o primeiro single do CD. Repare na letra: “Eu só quero ser feliz, e te abraçar, e decorar a matemática de amar”. Também rola uma ambigüidade sensual na letra da faixa “Beijo na Boca”: “Corpos, sorrisos, cabelos, libidos / e eu aqui brincando sozinho”. Tem coisas que não precisam ser ditas.


Apesar da pouca idade, a banda já canta o comportamento feminino nas relações amorosas, mostrando até certa maturidade (!?) nas faixas “Eu te ensino o que é amor” e “Deixa a primeira vez rolar”, em que tentam mostrar que não são mais crianças. A maior pérola vem de “Não Vou Sonhar”, em que o grupo canta “Tá tudo frio no meu coração/ Como frases escondidas na canção”. Alguém poderia me explicar o que os letristas quiseram dizer com isso? Não entendi a profundidade da letra…


Como intérpretes de péssimas músicas e letras sofríveis, eles são bons. Tocam os instrumentos com competência. As guitarras apresentam uma distorção interessante, a bateria não é medíocre e a voz até que não enjoa tanto, só um pouco. Isso não quer dizer que o som é bom. O B5 faz músicas para pré-adolescentes, que, ao meu ver, devem preferir outras formas de músicas e de poesias. O RPM voltou para isso. Comece com RPM, e não com B5. Ou melhor, não comece por nenhum.

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