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A sensibilidade sonora de You Are Free

Cat Power é uma banda de uma mulher só: Chan Marshall. A cantora, guitarrista e compositora decidiu tentar a sorte, logo após concluir os estudos, no cenário independente de Nova York. Entre uma apresentação e outra, conheceu o baterista do Sonic Youth, Steve Shelley, que aceitou fazer parte da sua banda de apoio. Era o começo de uma aclamada carreira que já rendeu seis discos: Dear Sir (95), Myra Lee e What Would The Community Think? (ambos de 96), Moon Pix (98), The Cover Records (disco de covers lançado em 2000) e You Are Free (que acaba de chegar ao Brasil).

“You Are Free” é um álbum sensível, repleto de emotividade. Chan Marshall, com sua voz suave e pouco encorpada, consegue transmitir toda atmosfera angustiante e confessional das letras – suas e de outros compositores. Ela canta quase nua, acompanhada discretamente de guitarras (elétricas ou não), pianos, cordas. “You Are Free” não é daqueles discos que bate de primeira. Como as mulheres mais interessantes, seduz aos poucos, com atributos invisíveis para os espíritos broncos. É triste sem ser meloso, minimalista sem soar monótono.

O disco conta com a participação de dois medalhões da cena grunge de Seattle: Dave Grohl e Eddie Vedder. O primeiro, tocando baixo e bateria, deixa sua pegada forte nas músicas “Speak  For Me”, “He War” e “Shaking Paper” (a linha de baixo, as microfonias ao fundo e o timbre jazzístico da bateria dessa música formam um dos melhores momentos do disco). Eddie Vedder, por outro lado, participa com vocais quase imperceptíveis em “Good Woman” e “Evolution”.

Mas não é somente a presença dos dois que faz de “You Are Free” um disco especial. Chan Marshall mostra seu talento inclusive nas faixas em que brilha sozinha, seja na contundente “Names”, música que lembra vagamente Galaxie 500, na ensolarada “Free” ou na lúgubre e assustadoramente bela “Wherewolf”, cover do Holy Modal Rounders.

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