A Eddie reafirma seu próprio nome em Original Olinda Style
Em meio a toda efervescência do estado de Pernambuco, fica difícil definir o som das bandas que saem daquela terra. Às vezes apelam-se para as influencias. Como no caso da Eddie – tem reggae jamaicano, ska, frevo, programações e muito mais. Qualquer um que ouve, pensa e repensa várias vezes, mas termina desistindo, afinal, musica boa não precisa de rótulos. A Eddie é uma das bandas mais antigas da cena musical pernambucana, tocou em quase todos os Abril pro Rock, uns dos maiores festivais de rock do país, entre outros. Tem uma longa e bonita história de ralação, há algum tempo, quase cai no ostracismo. O primeiro CD da banda, Sonic Mambo, lançado há quase cinco anos foi o primeiro e único pela gravadora internacional Roadrunner.
Esse ano a Eddie resolveu lançar totalmente independente, Original Olinda Style, seu segundo CD. A produção foi feita pelos próprios músicos e por Fabio Trummer, principal vocal e letrista. “Era uma idéia antiga nossa de nós mesmos produzirmos nosso cd, desde a época em que gravávamos nossas demos tapes, nós sabíamos que grande parte de nossa identidade musical era extraída da maneira de como trabalhávamos no estúdio. Somos uma banda que trabalha com a intuição, e muitas das soluções para nossas músicas são resolvidas com o que nós sentimos, e dificilmente um produtor de fora compartilharia do mesmo sentimento nosso.”, diz Trummer.
Original Olinda Style é um disco que de certa forma marca uma nova trajetória da banda e a prova de que para se fazer um bom disco não é necessário importar produtores, primordial é a interação dos músicos em idéias e harmonias. O quarteto formado no primeiro CD, já não existe mais, só restou Fábio. “Ganhamos uma cozinha mais consistente, o que possibilitou uma melhor adequação das nossas idéias musicais, dando mais balanço, mais precisão e organização das diferentes referencias que usamos no nosso som. Ao mesmo tempo com o passar dos acontecimentos amadurecemos e ficou mais fácil chegar perto na prática do que temos dentro de nossas cabeças”, comenta o vocalista.
A Eddie tem a cara de Olinda, ou melhor, dizendo, a Eddie é Olinda. Despreocupação, arte, botequim, gente bonita, canal de esgoto, futebol, trabalho, maré, samples, e por ai vai. É pura diversão. A banda faz um rock “tranqüilo”, pop, com muita mistura e procura não concentra-las, o que resulta um efeito legal com a voz de F. Trummer. O fato é que no show da banda mesmo quem não gosta, dança, o embalo é gostoso e o som é fácil de ouvir. O.O.S. tem participações maravilhosas que renderam um ótimo resultado na concepção do disco, entre Erasto Vasconcelos e D. Dora, cantora popular Olindense. O CD é recheado de bons momentos e apesar da formação ser apenas de marmanjos, o coro feminino dá um toque todo especial. Trummer é um ótimo letrista, Quando a Maré encher, de sua autoria, por exemplo, fez sucesso na voz da Cássia Eller e Nação Zumbi. Ele também assina uma boa parte das composições do CD, muitas com parceiros que participaram das gravações.
Dentre o repertório embaladíssino, estão “Futebol e Mulher”, essa com certeza pede uma cerveja. A letra é simples, tem cara de festa, sopros, samples e uma melodia gostosa. “Falta de Sol” já é um trabalho antigo, mas que não tinha entrado no Sonic Mambo. “Não vou embora”, deveria ter sido o hit de carnaval de Olinda desse ano. É um frevo de letra curta e instigada. O percussionista Erasto Vasconcelos assina as faixas “Peixinhos” e “Eu Soul Eddie”, canção que abre o CD e Guia de Olinda que também ganhou uma versão remix, um afoxé pra balançar. Pois é, como a própria banda diz: “Eddie, é um nome simbólico, para descrever um sentimento de liberdade universal, onde todos estão reunidos numa pessoa só”. É isso ai!