O rock selvagem dos “menudo capixaba”
Porque a banda capixaba Os Pedrero, que faz um punk rock muito bem tocado e surpreendente, não está numa grande gravadora, vendendo milhões de cópias e abrindo shows de bandas importantes, já que eles reúnem todas as condições possíveis e imagináveis para isso? Porque provavelmente eles preferem ficar no selo Laja Records, da terra deles mesmos, dando shows num circuito menor e tendo até mais prestígio ao invés de se perder por aí e acabar voltando para o ponto de onde iniciaram, nesse momento em que quem sabe para onde vai, não diz – e quem diz, decididamente, não sabe. O disco dos caras, que têm pouquíssimo tempo de existência, é uma aula de punk rock, bem no estilo “é assim que se faz”.
Digo mais: antes de tudo, a mensagem passada pelo disco dos Pedrero (muito bem sacado esse nome, aliás) é a seguinte: quem quer fazer rock, antes de tudo, tem que escutar muito rock. O disco dos caras é um punk rock que brilha pelo ecletismo e pelo encontro de vários gêneros e matizes do bom e velho rock n roll num só estilo, isso sem contar a zoação explícita das letras e dos títulos – deve ser especialidade do selo, que deu voz ao Mukeka Di Rato e ao Merda. É disco de quem escutou muito Replicantes, Inocentes, Camisa de Venus antigo, roquenrol velho (o estilo de cantar do vocalista às vezes lembra um Noddy Holder com alfinete no nariz), até blues. O som dos caras é bem mais rico e bem menos toscaria que o nome do grupo quer fazer supor – embora seja repleto de pedradas explícitas e gritarias (afinadas e organizadas, por sinal). Só a abertura do disco, com “Jhenny Paula” e seus riffs e solos, já varreria um monte de bandas pra debaixo do tapete. Aliás, introduções que pegam o ouvinte de surpresa são comuns à banda, como dá pra notar na guitarrada de “La iniciación de Tonny Powzer” e no berreiro de “Eu nunca vou parar de beber” – essa, de rolar de rir.
Durante o disco, os Pedrero pagam milhares de tributos aos Ramones e aos Beatles (lógico, não podia deixar de ser), especialmente na engraçada “Please, please, please”. Deixam clara sua adoração pelo rock dos anos 50 e pela banda japonesa Guitar Wolf (também deve ser especialidade do selo) em “Lock and loll w”. Praticamente homenageiam o antigo grupo de Wander Wildner nas bases de guitarra de “Estilo selvagem rock and roll”. Juntam trechos de músicas do Polegar e do Dominó (ahahahaha) e fazem “Menudo capixaba”, a coisa mais sensacional que uma banda punk brazuca já fez. Ah, tá, ainda tem duas músicas das quais nem se precisa falar nada, “Canção do corno jovem rebelde” e “Abertura paraguaya de Malhaçón” (a coisa mais Stooges que os Stooges não fizeram, na boa). Em suma, você tem que conhecer essa banda. Tente com o selo Laja Records em http://www.laja.com.br. Vai comprar ou não vai?
(nota do webmaster: ainda nesta semana estaremos disponibilizando para download em mp3 as músicas do novo disco dos Pedrero!)