Nível das concorrentes cai um pouco
A expectativa era de que fosse melhor, mas o nível das dez bandas concorrentes no 3º Festival Rock por Essas Bandas ficou abaixo do das bandas participantes da edição do ano passado, que teve feras como Big Bat Blues Band, Nave, Lucy e Sandro Letaif. A avaliação foi feita por alguns dos jurados que participaram das duas edições e é natural, uma vez que a 2ª edição aconteceu três anos após a 1ª, tempo em que novos talentos surgiram abundantemente na cena capixaba, enquanto a 3ª foi realizada apenas um ano após a 2ª.
Aos quinze jurados, de posse das letras das concorrentes, coube avaliar as bandas concorrentes em três quesitos: letras, músicas e performance de palco, que deveria levar em consideração, inclusive, o cover apresentado. Participei desse júri, que incluía gente como José Roberto Neves (A Gazeta), Alexandre Mignoni (Sony Music), Adolfo Oleari (Lordose e EMES), e comentarei aqui as participações das dez concorrentes:
J3: tem excelentes letras (levou 10 nesse quesito), suas as músicas estão no padrão dos grandes nomes do rap/hip-hop nacional, mas comprometeu um pouco na performance (não deu pra entender o que ele cantava no cover escolhido e teve que recomeçar a execução da terceira música apresentada), fator que certamente lhe custou a vitória (J3 ficou em segundo lugar);
Froid: a jovem banda, que manda um rock tipicamente adolescente e com pitadas de funk (o de James Brown, não o do Bonde do Tigrão!) não ficou entre as primeiras colocadas, mas é, certamente, a com maior potencial para fazer sucesso. Poderia ter escolhido um cover melhor (tocaram “Zé Trindade”, do Skank), mas em compensação empolgou muito na execução da música própria “Akela Morena”, um hit! Após a apresentação desta, inclusive, os jurados brincaram dizendo que Alexandre Mignoni iria levar a música para a trilha sonora de Malhação (novela adolescente da Rede Globo).
Marcos Rivero: ficou em terceiro lugar e foi uma grande surpresa. Suas músicas, românticas, ganharam mais peso na apresentação (em relação às versões do CD demo do artista). O cover de “Wherever you will go” (The Calling) foi perfeito e ponto alto da performance, que levou 10.
Terrorturbo: banda de música eletrônica estilosa e com um som oitentista, merecia uma posição melhor. As duas canções próprias apresentadas (Page 4 e For Whoever) são ótimas, o cover (de uma música do Metrô) ficou pra lá de legal, mas as letras da banda, que até são apropriadas para o estilo, mas simples demais em relação as dos outros concorrentes, fizeram com que perdesse pontos importantes.
Carpe Diem: com um pé nos 60/70 e letras com um “quê” de poesia, venceu pelo conjunto. Não foi a banda que mais empolgou ao público, mas postou-se de forma muito profissional no palco, recitando um poema de autoria do vocalista antes de mandar um ótimo cover da obscura – mas respeitada – “Cagaço”, dos Paralamas do Sucesso. Mereceu o 1º lugar!
Baby Blue: tem músicas e letras comuns demais, não escolheu um cover legal e também reiniciou a execução de uma das músicas.
Dívix: apesar do fã-clube devidamente uniformizado que carregou para o evento (e que certamente foi decisivo na escolha da banda pelo júri popular), o grupo de hardcore melódico não convenceu ao júri. A música própria “A Lição” até que tem feeling e uma pegada legal, mas não foi suficiente.
Volume 7: a banda de hardcore melódico no estilo CPM22, com letras clichê e músicas idem, foi uma das mais fraquinhas do festival. No cover de “Uma Noite e 1/2″ (sucesso na voz de Marina Lima), a princípio uma escolha ousada, deixou a música irreconhecível (pra pior)
Usvéiu: apresentou as músicas próprias “Sonhar” e “Se ajudar”, que até tem uma sonoridade bem legal, mas letra muito bobinha. A performance foi fraquinha, no que contribuiu a má escolha do cover.
Nuck: surpresa pra alguns jurados, a banda de Nu-Metal tem letras (críticas) um pouco acima da média e músicas idem, no conhecido esquema manha-berro-manha do estilo. A energia do vocalista (que, como todo bom frontman de banda do gênero pulou pra caramba no palco) e o bom cover da explosiva “Take a Look Around” (Limp Bizkit), garantiram boa nota para a banda no quesito performance.