Moxuara comemora 10 anos de carreira com show no Glória
Clima família e coração em festa, dois elementos que ajudam bem a descrever como foi a comemoração dos 10 anos do Grupo Moxuara, realizada em dois shows, um na sexta (dia 7/12) outro no sábado (08/12), às 21:00h no Teatro Glória, em Vitória – ES.
Na verdade, o show de sexta começou às 21:30h com casa cheia. O “integrante-produtor” Luiz Guilherme deu as boas vindas e entraram um por um (Flávio Vezzoni, José Elias, Marcos Côco e Paulinho) conversando, contando histórias e trazendo muita simpatia e alegria estampada em seus semblantes. A platéia foi totalmente recíproca em assobios e aplausos, arrancando até um “como vou falar com vocês desse jeito?!?” de Flávio. Este sentimento permaneceu durante as duas horas de apresentação, muito legal.
Usando os instrumentos característicos à banda (violões de aço, nylon, 12 cordas, baixo e percussão) e fazendo o som com o caráter regional que lhe é peculiar, o Moxuara desfilou no repertório da noite uma agradável mistura entre as músicas dos dois títulos do grupo, “Quarto Crescente” e “Pontos e Nós”, além de composições novas e outras que, apesar de não fazerem parte dos CDs, incorporaram-se a ele há algum tempo. Devo ressaltar que boa parte do público acompanhou a cantoria em quase todas as músicas.
Abrindo com “Corpo e Alma”, uma das novas, eles emendaram “Cantarolar” (parecendo uma mistura do regional sulista com o paulista), “Fim da História” e “Crepúsculo”, mais intimistas. Roger Nascimento entrou para uma participação especial – muito aplaudido – e tocou violão de aço em “Narciso” e “Luz da Escuridão”, canções da sua época de grupo; “Luz da Escuridão” proporcionou um dos momentos mais bonitos pois não havia necessidade de Flávio, Marcos e Elias cantarem, todos no teatro eram uma só voz. Segue-se uma homenagem do fã-clube, ou melhor, do Grupo de Amigos Moxuara (GAM) pela data. “Os Bondes de Santa Teresa” (a única música não pertencente ao grupo) e “Memórias”, ambas com um belíssimo trabalho de violões, não deixaram a peteca cair. Essas três, na minha opinião, foram o supra-sumo do show.
Dílio Sérgio, músico que participou dos primeiros anos do Moxuara, colaborou com o seu violão em “Nasce uma Canção” e “Poesia”. “Levantando a Poeira” e “Meninos da Baía de Vitória” vieram com uma pitada de congo e côco, gêneros afro-brasileiros. “Remendo e Embornal” (que abre o 2º CD) conservou o toque mais folk e urbano do arranjo original, algo Sá e Guarabira; depois quatro canções desconhecidas de boa parte do público: “Mar e Montanha” (Elias aproveita para falar sobre a valorização da cultura local e homenageia as bandas de congo do estado) e “Adonde Cê Vai”, ótimas por sinal; “Forrozinho” e “Camará”, com a participação do amigo e companheiro de longa data Luiz Aguilar na zabumba, sem dúvida o destaque da noite! Luiz teve uma presença de palco fantástica, chegou a posar de roqueiro enquanto batucava (disse ser uma homenagem a George Harrison) e proporcionou os minutos mais divertidos, improvisando um repente ao pandeiro – sobrou prá todo mundo, até pro assaltante que roubou alguns instrumentos dos rapazes há pouco tempo, fato lamentável.
Mais agradecimentos e o Moxuara encerrou o programa com a animada “Balacho”. Mas como show que é show tem bis e os aplausos constrangeram os rapazes a não sair do palco, ainda teve a famosa “Na Janela” para alegria de todos, que deu brilhantemente o tom do final (“Voz, viola, o canto, a saudade amarga a hora…”). Particularmente senti falta de “Não Mande a Geada” e muita gente queria ouvir “Permanescente”, contudo não há o que reclamar dessa festa de aniversário. Parabéns ao Moxuara pela data e pelo show: quem esteve lá gostou!”