Java Roots leva público ao delírio no Teatro Glória
Lindo. Histórico. Emocionante. São fartos os adjetivos que podemos usar para definir o show de lançamento do 2º CD do Java Roots, “1000 m/s”. O show aconteceu ontem (29/11), em duas sessões, no Teatro Glória. Estivemos na 1ª sessão, que começou com 45 minutos de atraso, às 20:45. Pouco antes de Chocolate, Jr. Bocca, Xuxinha e Thiago subirem ao palco, um clima de expectativa tomava conta da platéia, composta principalmente por meninas.
E foi sob muitos gritos que a banda entrou no palco. Chocolate tratou de declamar alguns versos de “Além da Física”: estava dada a senha para a cozinha guitarra-baixo-bateria atacar com os primeiros acordes da música, que a galera cantou junto o tempo todo. Também aos primeiros acordes da segunda música apresentada, “1000 m/s”, a maioria do público, que nessa altura do campeonato já havia dispensado as confortáveis cadeiras do teatro e ficou de pé, gritou muito. A música ganhou uma introdução diferente, com Chocolate cantando os versos “Nasceu uma criança / sem esperança / Aids que mata / Aids que cansa”. Junto com “1000 m/s” veio a primeira participação especial do show: Tati e Matê, da banda Crivo, assumiram os backing vocals nesta e em várias outras canções.
Seguindo com a eficiente tática de tocar grandes sucessos no início, a banda atacou então com as alegres “Fim de Semana” e “Bonde 605″, esta iniciada e encerrada com um arranjo diferente, caribenho. Participou nesta música Adolfo Oleari (Lordose), que simulou uma típica conversa de ônibus com Chocolate, na parte instrumental da canção. O público aplaudiu muito e Chocolate aproveitou para pedir desculpas pela demora no lançamento do novo CD e já foi tratando de avisar: “Isso é só o começo”. A banda tocou então “Miragem” e “Gaivota”, duas músicas mais intimistas, e mandou em seguida “Tenha-me”. Na parte final da música, entraram animados (e muito aplaudidos) no palco o rapper Renegrado Jorge e o cantor Bacana, para cantarem o trecho de “Tenha-me” que eles gravaram no CD. Finalizada a música, apagam-se as luzes, a banda deixa o palco e um clima de mistério toma conta do teatro, com o público tratando de gritar “root, root, root, cadê o Java Roots?”.
A banda não demorou a voltar. Com os banquinhos a postos, deu-se então início à parte acústica do show. Antes da primeira música acústica, Bocca, o baixista, disse: “Está tudo muito lindo hoje”. Com a maior parte do público voltando a se sentar, o grupo tocou então o sucesso “Barraco de Zinco”, seguido de outras três canções do primeiro disco. Duas dessas contaram com participações especiais: na segunda, Bacana voltou ao palco para cantar sentado; e na terceira o guitarrista Igor, do Garotos da Praia, assumiu o violão e mandou bons solos durante a canção. Ao final, Bocca pergunta ao público se Vitória “é ou não a ilha do reggae” e anuncia uma música do Rei do Reggae, que ele mesmo canta: “Johnny Was”, de Bob Marley. Essa música, inclusive, contou com a participação do tecladista e do baterista do Salvação. Para encerrar a parte acústica, aparece no palco, conduzido pelas meninas do Crivo, o vocalista Fred, do Macucos Reggae. Ele dispensa o banquinho e canta junto com Chocolate a música “Anjos”. O público segue o exemplo de Fred e também se levanta para cantar junto com a banda.
Encerrada a parte acústica, começa a etapa final do show, aberta pela banda Zémaria, que do alto do teatro mandou uns sons eletrônicos por alguns segundos, tempo necessário para os roadies retirarem os banquinhos do palco e o Java Roots começar a tocar a ótima “O caranguejo e paneleira”, encerrada com um arranjo diferente. Seguem com as músicas “Vou te acompanhar”, “Páginas da Vida” (outra muito aplaudida) e “Todas as Lágrimas”. Em “Jóia”, a 18ª música do show, nova participação especial: Nego Léo, do Zémaria, assume um tambor. Finalizada esta canção, eis que surge, envolto em uma pequena nuvem de fumaça, Alexandre Lima, do Manimal. Ele assumiu a segunda guitarra no hit “Na Jornada”. Mais aplausos. A galera permanecia com a mesma empolgação do início do show, mas já presentia que o fim estava próximo. E foi para fechar a tampa do caixão e beijar a viúva que subiram ao palco Renato, Jura, Jean, Flavinho e Thiago Grilo, do Casaca. Na performance mais incendiária do show, os cinco ajudaram o Java Roots a fechar com chave de ouro a apresentação. O relógio já marcava 22h:25m quando todos os que participaram do show subiram ao palco. Em meio a muitas declarações, Chocolate agradeceu ao público e repetiu: “Isso aqui é só o começo”.
Finalizada a apresentação, era possível ver um largo sorriso de satisfação no rosto dos presentes. Até mesmo os integrantes da banda sorriram durante todo o show, não demonstrando qualquer abatimento com os problemas que o grupo enfrentou, como o adiamento do show e a venda de ingressos abaixo da esperada (e merecida!). Não ficamos para a segunda sessão, que pelo jeito não estaria tão cheia como a primeira, mas os integrantes da banda (e outras que permanceram por lá) nos disseram que foi melhor que a primeira. E o que achou o público? Bem, perguntado se gostou do show, Luciano Fardin, que nunca tinha assistido à banda em ação, foi curto e grosso: “O show foi muito bom!”. Se para ele foi bom, imagine como foi para a grande maioria do público, que sabia cantar quase todas as músicas…