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Faixa-a-faixa do disco Afasia, do Dead Fish

Faixa-a-faixa – Por Rodrigo Lima (Vocalista do Dead Fish)
01 – Afasia: “Esta letra foi feita depois de ter lido um texto que minha ex-namorada, que estuda psicologia, me deu pra ler e fiquei sabendo da existência deste distúrbio, ou doença, ou o que o valha… Se não estou enganado, no fim do texto tinha um fragmento de um dos livros do Nieztche (nunca escrevo este nome certo), sobre a limitação que a fala e a lingua escrita nos proporciona… Achei o máximo que alguns loucos com este “disturbio” pudessem ver ou ler ou sentir, o que as pessoas realmente querem quando falam… O texto falava de loucos (este nome é politicamente incorreto? fazer o que…..) riam do presidente fazendo um pronunciamento na tv, ali eles não entendiam as palavras mas sim as verdadeiras intenções lidas pela expressão facial ou a respiração talvez…. Muito legal né?? No dia me lembro de ter dito que queria poder ter Afasia também, hahahahaha, acho que assustei um pouco minha ex. Mas dizem que o termo Afasia é mais amplo do que a música aborda, mas como não sou o Aurélio nem nenhum destes alemães chatos da psicanálise e estas variantes blé, se você esta interessado vai ler mais sobre…”

02 – Proprietários do Terceiro Mundo: “Esta é uma letra engajadíssima, feita pras pessoas ficarem com culpa e vergonha e façam algo, hahahahahahaha!!! Será que vai dar certo? Existe algo mais do que a exploração do G8 e do neo-neo-neo colonialismo, existe a burrice inerente de elites (intelectuais, econômicas ou cênisticas) e povos no terceiro mundo”.

03 – Tango: “Eu gostei de ter feito esta letra…. mudou muito o foco de possibilidades do que escrevo… Queria fazer uma música sobre minha avó e lá madre mia, mas não queria seguir o passo do feminismo ocidental americanizado…. daí pensei quando vi de perto as mães da Praça de Maio, o que foi um puta previlégio, e pensei nas mães comuns que lutam pra criar seus filhos e sem dúvida sacrificam muito de sua própria vida e seus próprios sentimentos, segui o que sentia no momento no que se referia a elas…. Daí saiu esta música extremamente cafona e melosa, o que achei fodasso, é uma música sensível né? E não deixa de ser engajadíssima, isso ainda me mantem na “cena” hahahahaha!! E daí o título Tango, por causa da cafonisse e das mães de Maio, e das mulheres da Guatemala, e das Mães de Acarí, da tua mãe, e da minha mãe….. Meu…. Sou um poeta!!! ahahahahahahahahaha!!!!”

04 – Viver: “Esta é um tipico HC melódico né? Pois é… Então, siga teu caminho, faça sua estrada, mesmo que seja torta e cheia de buracos…. Mais ou menos por ai…. Infelizmente esta música não me toca tanto, não sei porque.”

05 – A Cura: “Existem coisas que fazemos que só vamos assimilar muito tempo depois, e a letra desta música é mais ou menos isso, agora depois de quase um ano estou conseguindo entender mais ou menos o que disse… mesmo assim ainda me causa uma certa estranheza…. cura é uma palavra interessante, propõe estabilidade, limpeza, retitude, acho que nada do que preciso hoje, hahahahahahahaha…. mas se em 2000 anos eu me curar, como será? Existe tempo ainda?? A dúvida é o que move…”

06 – Revolver: “Precisa explicar? Esta ai tá na cara…”

07 – Linear: “Nós nascemos, vamos pra escola, lá ficamos anos a fio, nos ensinam coisas, nos educam, nos traumatizam, nós crescemos, estamos numa familia, ela nos educa/entorta, nós seguimos o caminho traçado, viramos jovens rebeldes ou bons meninos, entramos na ciranda da competição, de seja o melhor, seja bonito, seja rico, seja inteligente, seja esperto, seja mais, mais, mais. Então ficamos mais velhos, entramos num emprego, constituimos uma familia, dizemos amar uma pessoa só, acreditamos em um Deus qualquer, nos tornamos os mesmos óbvios e hipócritas que tivemos como exemplo durante a vida, e começamos a repetir tudo de novo, pros nossos filhos, e eles vão fazer a mesma coisa, até que a Terra não suporte mais tanta sujeira empurrada pra baixo dos tapetes de nossa mentes….
Podemos ser menos óbvios, não que sejamos os próximos mártires da revolução, longe disso… Mas gostaria de ver as coisas feitas diferente, mais tortas menos retas… Montar uma banda, pintar um quadro, escrever um livro, criar uma droga nova perfeita, criar uma… Porra já falei demais!”

08 – Iceberg: “Esta aí cara!!! hahahahahaha!!! Numa noite escura, durante um pesadelo, satanás veio e me soprou nos ouvidos esta letra, no outro dia eu como voodu, repeti ela pra todos meus amigos… Mas algo de certo aconteceu, e no ultimo minuto percebi que estava possuído, hahahahaha, e usei todo meu mal contra satanás… Desde então prefiro conviver com Lucifer, é mais light… E desde então percebi que almas não congelam…”

09 – Noite: “Esta foi uma letra visonária, acho que serve pra muita gente por ai, mas pra mim foi com se eu estivesse prevendo algo que se concretizou.”

10 – No Chão: “Mais uma música óbvia. Viva a cena!!!”

11 – Reprogresso: “Vitória podia ser muito melhor, muito mesmo… acho que detestaria menos esta cidade se pudesse visitar os velhos prédios que meus avós frenquentaram, as praias limpas que eles iam. Que pudesse dizer que minha cidade é uma cidade rica, mas sem ter que respirar pó de minério e ter rinite e várias ites toda minha vida.”

12 – Ad Infinittum: “Nunca estamos satisfeitos com nada, os brancos colonizadores, a Igreja, a educação eurocêntrica nos trouxeram culpa, vergonha da cor da pele, vergonha de nossa cordialidade indigena, orgulho de nossa crueldade e egoísmo… Eu me sinto assim e você? Incompleto?”

13 – Me Ensina: “Esta música tem uma versão bem e mal intecionada…. A bem intencionada é que trata-se de uma versão de um livro (Festa de Maria), acho que é um livro espírita ou budista, me lembro que foi doado por uma monja budista tibetana e só… é meio que se trata de evoluir de alguma forma e os caminhos que podemos tomar pra isso…
A mal intencionada, é que em algum lugar do Brasil um garoto se apaixona por uma garota e pra ela faz a música… que bonito não? Fique você com sua interpretação, não faz diferença pra mim…”

14 – Perfect Party: “Tudo parece perfeito pra você? Então por que você está tão de saco cheio e triste? O que falta? Tá tudo bem? Então tudo bem…”

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